terça-feira, 16 de setembro de 2008

um conto de fadas moderno

[Baseado em fatos reais, aconteceu com umamigodeumamigomeu!]

Era uma vez uma serelepe menina a quem vou chamar de Julieta.
Julieta era, aparentemente, uma menina como outra qualquer, mas o que Julieta gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não era nada que se esperasse de uma menina qualquer.
Julieta gostava de ouvir Sepultura enquanto bebia água com açúcar. Sim. Ah, e Julieta também gostava de beijar meninas pra não cair numa rotina.
Assim Julieta conheceu uma jovem senhora, uns bons 10 anos mais velha que ela, a quem vou chamar de Getúlia.
Getúlia era uma jovem senhora comum. Casada, emprego fixo, academia 3x na semana, salão às quartas, responsabilidades. Mas o que Getúlia gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não alegraria nenhum pai de família, nem o mais liberal.
Getúlia gostava de paquerar meninas. Meninas no auge dos seus 16, 17 anos. Meninas de colégio. Meninas bem engraçadinhas. Meninas como Julieta.
Enquanto Julieta curtia essa aventura deslumbrante, ganhando presentes e indo a todos os lugares às custas do cartão de Getúlia, que era pago pelo maridocorno, Getúlia entrava numa espécie de fixação por Julieta e sua alegre juventude despreocupada.
Getúlia cercava tanto Julieta, buscava no colégio, ligava querendo saber aonde estava, com quem andava e até se já havia tomado banho e escovado os dentes naquele dia, que nossa temperamental Julieta se cansou.
Julieta recomeçou a sair por aí e numa dessas saídas foi apresentada a uma exótica menina, a quem vou chamar de Bernardette. Bernardette era uma menina normal, sob alguns pontos de vista, mas ao contrário de Julieta, Bernardette beijava meninos pra não cair numa rotina e somente quando não havia ninguéém olhando. Posta contra a parede, negava até a morte.
Julieta se interessou pelo estilo atraente da menina e resolveu ver no que dava. Passou a sair sempre com Bernardette. Se conheceram melhor e Julieta percebeu que Bernardette era exótica demais pra ela, mas havia alguma coisa que fazia com que ela sempre fosse aos encontros.
Até o dia em que a descompassada Getúlia, depois de ligar 17 vezes para o celular da Julieta e não obter resposta, esperou na porta do seu prédio, dentro do carro e tentou atropelar Bernardette, quando essa deixou Julieta em casa.
Julieta resolveu que então já era hora de acabar com isso e colocou uma pedra de mármore em cima de cada uma. Apenas uma expressão forte, Julieta nunca mataria ninguém.
E aí tudo mudou. Julieta conheceu um carinha que fez seu coração bater mais forte, a quem vou chamar de Augusto.
Augusto numa primeira olhada era um menino comum. Um pouco playboy, mas um playboy comum. Mas o que Augusto gostava de fazer quando ninguém o via fazendo não era nada normal, se tomarmos coisas esperadas de meninos playboys. Augusto gostava de ouvir Britney no banho e dançava todas as coreografias perfeitamente. Mas quando Julieta descobriu essa e outras peculiaridades de Augusto, já era tarde demais. A plantinha do amor já estava crescendo. Mas isso foi depois, muito depois.
Antes, aparece Getúlia outra vez.
Julieta como personagem de conto de fadas que é, atende um inesperado telefonema de Getúlia quando saía do cursinho de francês e aceita ir comer uma pizza e conversar, já que Getúlia estava com o carro parado na porta do cursinho e não lhe deixou muita escolha. Resolveu ir pelos seus pés pra não ir arrastada pelos cabelos, afinal gostava dos seus cabelos e havia feito escova ontem pra festinha de amanhã que ia com Augusto.
Na pizzaria Getúlia se transforma numa criatura compulsivamente chorona que Julieta não imaginava existir dentro de ninguém... Agarra as mãos de unhas recém-feitas da nossa Julieta e implora pra que elas voltem a se ver. Diz que por ela largaria tudo, mais que isso, já estava largando! Já tinha alugado um apartamento pra elas e estava esperando um bebê, que elas criariam juntas, com muito amor.
Pausa para a Julieta se recompôr do choque.
Julieta puxou suas mãos das de Getúlia e automaticamente se deu um abraço desesperado. Sentiu muito medo e queria que Augusto estivesse ali.
Respirou fundo pra juntar as (agora furtivas) forças e disse, tremendo, que sentia muito, mas aquilo não dava mais. Que ela resolvesse o problema do apartamento e se reconciliasse com o marido, para o bem dela e do bebê. Disse que sentia muito outra vez e, antes de sair, que ela não a procurasse mais, por favor.
Enquanto corria pra longe, Julieta se deu conta que corria na direção da casa do Augusto e temeu pela segurança do seu benzinho. Mudou então de direção, agora pra sua casa e, aos prantos no telefone, pediu que Augusto não viesse perto da casa dela aquele dia. Se encontrariam mais tarde na casa de uma amiga em comum e ela explicaria tudo.
Não explicou nada, na verdade. Disse que era TPM e já estava tudo bem. Não queria que Augusto, temendo qualquer coisa, a deixasse.
Um tempo depois, Julieta encontrou uma amiga da Getúlia que contou que a família toda tinha se mudado pro Acre, por causa do trabalho do maridocorno. Julieta finalmente respirou aliviada e sorriu ao vislumbrar seu magnífico futuro ao lado do seu quasepríncipencantado, Augusto.

Hoje em dia Julieta está muito bem com Augusto, ficando claro que 'bem' significa uma briginha aqui, uma discussão ali, alguns xingamentos e muitos momentos felizes.

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