domingo, 28 de setembro de 2008

A maluca no espelho

A metade de mim que apostou que o espelho, LOGICAMENTE, estaria gelado e duro como de se esperar acabou de perder. Encostei em outra mão mais quente que o normal e controlei o susto para não soltá-la.
Agora ela olhava pra mim sorrindo, mas eu continuava assustada. Como poderia ser assim?? Ela tinha que ser um reflexo meu, até onde eu sabia, e eu realmente não estava sorrindo, nem nada parecido.
Tentei esboçar um sorriso, para acompanhá-la, e ela começou a rir. Aí resolvi soltar a minha mão, realmente chateada, mas ela continuou segurando firme e pulou pro meu lado.
Nessa hora eu quase chorei de desespero. Pulei pra dentro do box, fechei os olhos e deixei água gelada cair na cabeça, com roupa e tudo.
"É melhor você ligar a água quente, afinal você nem gosta de água gelada, pode pegar uma gripe e não vai me fazer sumir..."
Ok, liguei a água quente. Era melhor não discutir... e já estava tremendo de frio mesmo.
Sentei, ela já estava lá no outro canto. Enquanto eu ainda observava chocada, ela continuava a sorrir.
Uns minutos depois, ela respirou fundo e revirou os olhos. "Você é mais chata do que poderia supor! Dá pra falar alguma coisa?"
Eu me desculpei e disse que não sabia o que falar.. Mexi nos dedos e a encarei novamente. Resolvi puxar um assunto no melhor estilo msn.
"Uhm.. Muito previsível. Bom, melhor que nada. Meu nome? Você não faz nem idéia? Ana. Seu nome ao contrário, óbvio, já que você me vê sempre ao contrário. Não, o Beatriz não entra, só o primeiro nome. O seu tinha que ser Ana, né? Um nome palíndromo, um dos poucos. Extramente raro e extramente normal. Sabe o que isso significa? Ah, eu sei que você sabe, diz que não porque quer saber o que eu acho e não quer de maneira alguma que a palavra volte a você... Ok, deixa pra lá. Isso significa que você não tem contrário, não tem oposto. Entende? Na minha realidade todos são opostos dos que vivem aqui na sua realidade. Mas eu sou igual a você. As vezes é difícil pra mim e eu gostaria de ser o espelhum de outro, mas.. é bom pra você e eu até que me divirto..."
Ela disse que era bom pra mim porque eu vivia em eterna briga interna justamente por não ter nenhum outro ponto de vista. Mas não é isso que é bom, claro, bom é o fato de ser mais difícil se contradizer e mais fácil agir de forma homogênea, uma perfeição simétrica interior. É, eu também não sei daonde ela tirou isso e ri nessa hora. Ela não deixou de reparar e quando abriu a boca eu engatei uma pergunta... Ela realmente havia dito outro universo??
"Sim, e é isso que te dá tanto problema. Essa sua inconstância. Suas incertezas sempre certas também. Ah, e esse seu maldito gênio. É sério, você não devia rir. Isso é tudo culpa dos universos paralelos que você escolheu. Sim, eu vou te explicar, fecha a boca. As pessoas normalmente escolhem uns 3 universos, que é pra vida não ficar muito complicada. Esse meu universo, é o principal, é o único que vocês não escolhem e o único que sabe da existência dos outros. Você escolheu outros OITO universos, porque não conseguiu abrir mão de nenhum entre eles. Você quase enlouquece e eu morro de rir assistindo tudo. Desculpa, mas é engraçado. Porque eu vejo e eu escuto você! Sim, seus pensamentos. Sério, você tem cada pensamento.. É uma pena que eu não possa contar pra ninguém.. É uma lei, sabe? E podemos tentar, mas não sai... Ah tá, acho que posso te dizer sim. Até porque as leis aqui são diferentes e eu já tô fora do espelho mesmo, o que é mais difícil. Aliás, sabe como foi que você conseguiu me arrancar de lá? Claro que não. Você simplesmente não estava pensando em nada, estava totalmente concentrada em você e só você, o que me deixou uma porta aberta pra te alcançar. Interessante, né? Muitos de nós conseguem o tempo todo, mas você pensa em tantas coisas ao mesmo tempo que eu nunca consegui. Aproveitei a oportunidade, eu poderia não ter vindo, sabe? Mas você me parecia muito interessante. Engraçado, aqui quando não consigo mais ler seus pensamentos você é ainda mais interessante. Verdade! Posso te perguntar umas coisas antes de te contar sobre os seus universos paralelos? Ah, que ótimo!" ...
Hu, perguntar sobre mim quando sabe da existência de universos paralelos? Ok, vamos lá, respondo o que você quiser, mas garanto que não vai ser como descobrir universos...!
"Auto-estima, menina! Você precisa disso, sabe? Você tem isso num universo, mas fica pra depois. Por que você gosta de se olhar quando chora, ou depois de chorar? ...Sério???? Haha, que coisa! Não esperava por essa...! É chato pra mim, sabe? Eu tenho que chorar também... É, eu tenho que fazer o que você faz quando está visível num espelho. Mas isso não incomoda, a gente sabe que é assim e ponto. Funciona também com fotos. Cada foto prende a gente um pouquinho... Você não sabe a felicidade quando vocês não gostam e rasgam a foto, ou deletam agora, e mais ainda quando terminam namoros e aí destroem vááárias fotos de uma vez. Não, eu especialmente gosto de fotos."...
E me perguntou mais algumas coisas bobas como sentimentos e doces. E quis saber como era não ler o pensamento de ninguém. E como era cair. E o que levava alguém a quebrar espelhos. E coisas assim. E eu respondendo rápida e desinteressadamente, pensando em universos e na conta de gás desse mês.
Me contou então sobre meus universos. Oito, tirando o dela, que era obrigatório. Me contou como eles funcionavam e como eu agia e vivia em cada um deles.
O universo onde se escolhia quem se ia amar, o universo onde se voltava no tempo pra tomar um caminho diferente, o universo em que não se podia voltar, mas se podia ver todas as possibilidades e todo o desenrolar de cada possibilidade de escolha, o universo aonde ninguém nunca se sentia mal, ninguém nunca se sentia pra baixo. Todos se achavam melhores. Logo, ninguém gostava de ninguém, ninguém falava com ninguém, ninguém importava pra ninguém. Insupotável esse universo!
"...não escolheu, foi meio que um castigo por escolher tantos..."
O universo em que o poder do pensamento era inegável. Você pensava e acontecia, pensava e acontecia. Esse é bem bacana, mas deixa tudo fácil demais.
Tem também o universo que a minha mãe escolheu por mim... O universo aonde só existe a Beatriz, o universo do 'segundo nome'. E ela disse que a Ana me fazia uma falta interior enorme...
E outros universos.. Que prefiro não comentar, sabe?
Mas de todos os universos e de cada coisa que ela contou, eu preferi o meu. O que eu vivo com tudo que eu inventei.
Eu perguntei pra ela o que ela achava de mim, lendo meus pensamentos. O que ela lia em mim, o que ela escreveria sobre mim. Ela disse que lá no universo dela ela realmente tem que escrever sobre. Quando souber que eu vou morrer tem que estar com o livro quase pronto. A ser lançado no dia da minha morte. Se ficar bom acaba cinema e pizza e ela vive uma vida sem mim e eu vivo pelas histórias dela. Se ficar ruim, ela morre também e eu morro outra vez.
Falando isso ela foi se tornando menos nítida até desaparecer. Eu fechei os olhos, triste de ter que vê-la ir sem poder fazer nada, a não ser observa-la outra vez pelos espelhos.
Ana se foi sem me explicar quem eu sou vista por alguém que é eu mesma e é alguém de fora.
Perdi essa oportunidade, mas ganhei uma nova amiga.

E, quem sabe, juntando todas essas minhas linhas rabiscadas não se descubra...?!

sábado, 27 de setembro de 2008

P, M, G

Nos menores frascos estão os melhores perfumes e nas menores caixas os maiores segredos?
Eu não sei que lei é essa, mas faço questão de não seguir. Não por ser uma adolescentezinha alienada que ache legal fazer tudo 'diferente' (o que acaba sendo sempre igual). Não, essa fase passou muito rápido, eu mal senti e não tive tempo de ver.
Não sigo essa lei por não conseguir conter nada em pequenos espaços. Minha mala é sempre enorme, meu estojo exagerado. Minhas caixas ocupam metade do meu quarto e meus segredos não cabem em lugar nenhum. Por isso os espalho por aí. Não gosto de guardá-los só pra mim, é pesado demais e eu sou preguiçosa demais.
Não consigo pegar pequenas porções de sentimentos. Não consigo não beber tudo de uma vez.
Todas as vezes que como melado, me lambuzo. E aí outra lei quebrada.
Todas as vezes são "primeira vez", todos os amores são arrebatadores, todas as dores mortais, todas as decepções traumáticas e todas as tendências suicidas.
Tudo é demais. O pior tamanho é o M, a pior temperatura é a morna. A lei que eu mais gosto é a do "8 ou 80", mas como 8 não é um número que eu goste muito, acabo ficando sempre pro lado G da coisa. A água fria faz bem, acorda, mas a gente se diverte quando está fervendo.
Pegou mal? Não importa. Lave sua mente quando for escovar os dentes essa noite.
Não se reprima, não oprima, não se arrependa.
Beba em grandes goles, mesmo que se engasgue vez ou outra.
Peque pelo excesso e não pela pequenice.
Sem miserinha a partir de hoje, ok?
Estamos combinados.

Borboletas

Milhares de borboletas borboleteiam no meu estômago enquanto eu escrevo mal e porcamente sobre elas.
Elas já moram lá, aqui, por prazer. Não vão embora porque eu as alimento. Com lamentos, com angústias, com medos fantasiados, com devaneios desmedidos e com alcool.
Elas adoram, fazem a festa, me deixam a beira de um ataque de nervos. Se vingam, alucinadas, pelos banhos de água fria que levam de vez em quando, quando eu ponho pra dentro algumas coisas melhores do que angústias e, de quebra, um suquinho de mamão.
Borboletinhas vis que não honram a boa reputação da espécie.
Borboletinhas que eu não consigo expulsar, que eu não consigo matar por falta de alimento.
Borboletinhas que mantém sã a minha maluquez e alucinada a minha lucidez.

Podiam ao menos me dar um pouco do chocolate.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

QUASE sem querer


Quase sem querer...
a gente perde toda a beleza de uma casa de João de Barro na árvore em cima da nossa cabeça;
os momentos passam como se fossem mais um, sem serem merecidamente nomeados especias;
olhamos pro lado e algumas das pessoas que esperávamos ver ali não estão mais, por falha nossa;
perdemos a mágica contida numa gargalhada espontânea.

Como sem querer é chato demais, não seja mais um sem querer.
Intensidade!, essa é a palavra do dia.

domingo, 21 de setembro de 2008

A satisfação que os Stones procuravam

Quer saber como encontrar? Ahá, essa dica vale dois bilhões de euros, hein?
Qualquer um alcança... É só pegar o ônibus certo! Sim, ônibus!!, nada de trem pras estrelas hoje, a satisfação está bem mais perto! Ah, você pode chegar de metrô também, mas vai andar um pouquinho...

A satisfação atende pelo nome de Laranjeiras.
A rua das Laranjeiras com seu trânsito infernal!
A rua das Laranjeiras com milhões de crianças saindo dos mais diferentes colégios.
As ruas de Laranjeiras com suas árvores acolhedoras, suas sombrinhas que pedem devaneios românticos e utópicos, devaneios de uma velhice boa como é bom o agora, uma velhice ali, em Laranjeiras, como os velhinhos que levam tranquilamente seus cachorrinhos pra emporcalhar as deliciosas ruas do meu delicioso bairro.
Sim, meu bairro. Primeiro lugar que eu vi do mundo. Primeiro ar que eu senti entrando nos meus pequeninos, e então virgens, pulmões.
Talvez por isso o ar que venta por Laranjeiras me pareça diferente. Menos poluído, menos pesado. Sempre fresquinho, sempre renovador. Novo e cheio de lembranças doces.
Pela manhã a brisa geladinha deixa tudo com uma aparência de filme romântico, daqueles que o casal se ama loucamente e alguém morre no final. O cheirinho de pão fresco, as crianças indo pro colégio, os velhinhos -com seus perfumes exagerados e seus cachorrinhos porcalhões- caminhando, o bar da esquina abrindo e já fritando um monte de porcarias gostosas. O cheiro das flores, o cheiro da vida que acorda mais um dia, alegre, nas Laranjeiras.
Na hora do almoço tudo é incrivelmente caótico como um filme do Stallone, com um trânsito pior que o paulista e um solzinho fugido de Copacabana para esquentar um pouquinho o pedacinho mais encantador do Rio de Janeiro. No princípio era o Kaos, como diria a professora de grego, e fica um caos até que a tarde caia como um véu de blues sobre nós.
Junto com o fim das crianças, dos velhinhos e do caos, Laranjeiras volta a ser dos apaixonados e apaixontes jovens (sim, pra se morar em Laranjeiras tem que ser apaixonado, por qualquer coisa, pelas laranjeiras que já não existem).
Parece uma daquelas comédias românticas, mas com um toque de filme 'cult'. Os bares vão abrindo enquanto o céu vai escurecendo. Quando se vê já não há espaço nas calçadas e uma multidão de caras sorridentes está sentada em cadeiras de plástico, reunida em mesas de plástico, com muitas garrafas em cima. Alguns casais ou apaixonados sozinhos passeiam com seus cachorros, que emporcalham mais um pouco, ou alugam um filminho pra mais tarde. Outros voltam da academia, tranquilos, pensando, na calma de se chegar em casa ou na pressa de se arrumar pra sair mais tarde.
Entrando na noite os amores vão esquentando, alguns vão pra casa cedo, outros acabam cedo. Mas sempre se encontram amores e amigos, nove da manhã ou quatro da matina.
Essa é uma das belezas das Laranjeiras. Você sempre encontra, mesmo que não esteja procurando.
E eu sempre direi que meu bairro é o bairro das Laranjeiras, o único que satisfeito sorri quando me vê e que eu respiro completamente feliz com o sorriso, impossível de conter, brilhando no rosto.
O bairro que eu sinto falta todos os dias, os amigos que eu sinto falta todos os dias. Cada pedacinho de cada ruazinha tem um significado. Até mesmo a sede do Fluminense me traz boas lembranças.
É por isso que eu digo com todas as letras e contra uma multidão: "O meu Rio de Janeiro são as árvores e sombras de Laranjeiras, não as ondas e sol de Copacabana!"
Aí está a minha satisfação! Andar até as Lojas Americanas, ver o Hospital de Cardiologia, o Instituto de Surdos e Mudos. Andar mais um pouquinho e comer uma esfirra. Tomar um suco com amigos numa lanchonete bacaninha ou comer pastel de manhã, numa feirinha lá em cima, na adorável General Glicério. Olhar vários minutos seguidos o saudoso Colégio da Providência que parece ainda guardar um pedaço de mim, o meu pedaço mais caro. Comer pizza ou sentar num boteco e jogar conversa fora. Reencontrar amigos e amores.
Respirar e sorrir como em nenhum outro lugar.

(O trem pras estrelas ainda vai para lugares ótimos, mas nada que se compare ao meu precioso laranjal)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A falta de sentido é entediante

Tédio.
Aula.
Almoçodedomingonacasadatiaavó.
Trabalho.
Fichamento.
Trânsito.
Fila.
Msn.
Ralacionamentos.
Amor.
Insônia.
Amizade.
MSN.
DomingãodoFaustão.
Espera.

E por aí vamos.

"Para ser capaz de se entediar, o sujeito deve ser capaz de se perceber como um indivíduo apto a se inserir em vários contextos de significado, e esse sujeito reclama significado do mundo e de si mesmo. Sem tal demanda não haveria tédio". (Lars Svendsen, Filosofia do Tédio).
O que fazer então quando não é mais sextafracassadanomsn porque já é sábadotediosonomsn e você já escreveu 4 textos medíocres, já falou mais do que devia com as pessoas que normalmente você falaria, já deu uma olhada na páginaderelacionamentos alheia, já olhou fotos antigas, já tomou água de coco, já adicionou alguns livros na lista "tenho que comprar", já até leu seu textoprafichamento sobre Marxismo(!)? O que fazer? Apelar? Jamais! É nessa hora que o homem chora (haha, irresistível)... É nessa hora que a pessoa se vê obrigada a fugir em devaneios idiotas. Alguns amigos adoráveis continuam puxando assunto e sendo legais, isso é bom, mas os devaneios são mais interessantes nesse momento.
Devaneios esses como: o que é tédio? haveria escapatória? existe vida depois do tédio? alguma coisa não é tédio?
Sim, existe cura. E não, não existe saída. Se é que me faço entender. O tédio está sempre ali, esperando a deixa pra te agarrar. Mas você pode chutar seu, uh... digamos, saco e arrumar uma coisa pra fazer até ele se recuperar e conseguir te agarrar de novo.

[Pausa para perguntas de ordem prática... quanto tempo eu consigo olhar pra tela do computador antes de piscar ou das olheiras arderem? qual o máximo de tempo que se pode ficar sem responder uma janela piscante sem que o interlocutor -sente o drama da faculdade- fique nervoso? e depois de quanto tempo a janela magicamente pára de piscar sem aviso nem explicação? o nome de quatro importantes nomes da Bossa Nova que estão em um show em DVD que está em promoção nas LojasAmericanas? se eu deitar na cama agora eu durmo? e finalmente.. a pergunta para qual a resposta é 42? ok, voltando]

Poderia dizer que o tédio é uma "doença dos 'intelectuais'" (ou pseudo), como as "doenças de rico"? Sim, já que os chamados, os 'preconceituados', intelectuais pensam demais sobre os contextos que estão inseridos, o motivo disso e a importância para o mundo e para si mesmo. Já que sempre se acham (ou nos achamos?, nós os pseudo) muito importantes e inteligentes.
Pronto, me incluí na classe. Provavelmente incluirei você também. Afinal, somos todos pseudérrimointelectuais. Os que se dizem intelectuais, não são nada, são metidos. Só não são mais metidos do que nós, os pseudo.
Nós nos achamos o máximo. Porque dizemos que não somos intelectuais, mas gostamos que achem que sim (até quando mexem nos pontos negativos da espécie).
Nós escrevemos em blogs, nós vangloriamos os devaneios criativos.
Somos tão metidos que temos coragem de publicar uma porcaria escrita as duas da manhã num estado de espírito amortecido pelo tédio e pesado pelas olheiras.

Na terapia...

...é, por isso eu não sei mais o que fazer! tudo que eu escrevo vira auto-ajuda, porque tudo que eu penso é auto-ajuda? será que eu preciso me ajudar? porque estou aqui pra você me ajudar... não, não é isso, é diferente.. sim, é um pouco disso... haha se eu vendesse mais que o Paulo Coelho não me preocuparia com a opinião dos outros e acharia auto-ajuda o máximo... juro mesmo, não tenho problemas com isso... ah, isso é diferente, com isso eu tenho muitos problemas... é, por cima da carne seca! não, não acho que tenha ligação não! nããão, eu não quero falar sobre isso... ah, legal... é, é legal... não, pessoas estranhas, normal... me anima sim, tanto que vou todos os dias... ah, ontem vi aquele filme que você falou e achei uma porcaria! não, eu estou muito bem com isso, o filme que é ruim... tá, você insiste em bater nessa tecla, então vamos lá.. insiste sim! resolvi isso há muuuito tempo, por sinal... então tá bom... é? po, acho que tá na minha hora, até semana que vem! não, você não me chateou, está na minha hora mesmo...

Freiras e putas...

Freira ou puta, freira ou puta, freiraouputa, freirouputa, freroputafreroputa? Faça já a sua escolha!
Em cima do muro não dá pra ficar, escolha ser freira e casar apenas com Jesus ou escolha ser puta e casar com todos os outros homens.
Ah, colocando assim não parece justo. Mas não vou mudar, não estou com vontade.
Alguns gostam de separar pra julgar e debaixo dos panos (ou das batinas) se aproveitar da mistura.
Mas como essa discussão não vai me levar a nada a essa hora da madrugada e o objetivo era apenas citar Gregório...
'Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas'

Faculês

A faculdade é um colégio melhorado, eu diria. Assim como nós somos pessoas aprimoradas na faculdade.
Na faculdade você estuda com pessoas de idades completamente diferentes, que tiveram uma vida completamente diferente da sua. No colégio é todo mundo (basicamente) da mesma idade e as vidas são minimamente parecidas.
Por isso dizem que é a melhor época da sua vida, porque te dão uma segunda chance. Você pode (e deve) jogar todos os seus conceitos pro alto e recomeçar. Recomeçar a aprender, recomeçar a se conhecer, a se situar no mundo, um mundo mais real, um mundo mais mundo. O mundo que estava esperando por você. O mundo que você vai descobrindo magicamente cada dia e adora isso.
Não é pela, digamos, putaria que não se deve namorar alguém nos primeiros tempos de faculdade, é porque você está namorando você mesmo. E se você está se namorando e se descobrindo e adoraando isso, não é justo ter que dividir a sua preciosa atenção com um outro alguém egoísta.
Você é só seu e de todos ao mesmo tempo. Todas as sensações são suas e você é parte de todas as sensações.
Você lê, ouve, fala, discute, aprende e conhece mais pessoas do que em todo o resto da sua vida.
O mundo é enorme, está esperando você descobrir cada palmo e é pequeninho, cabe na palma da sua mão.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sobre abelhas e mel...

Pinóquia não sabia que não era uma menina de verdade. Ela se achava dentro dos padrões de normalidade para meninas de verdade e nunca ninguém tinha dito nada oposto. Não na sua frente.
Até que um belo dia (reparem, sempre são belos dias) ela conheceu um menino. Gostou desse menino. E ele lhe disse que ela era uma abelha. Ela não entendeu. Perguntou como assim abelha, perguntou se era bom ou ruim. Ele respondeu da maneira mais simples, não era bom nem ruim, era só abelha. Ela ficou confusa, mas então ele disse que era legal ser abelha, era diferente e ele gostava dela assim.
Pinóquia então assumiu sua condição de abelha e desfilava suas, recém-descobertas, asas com muito orgulho. E tudo ia muito bem. Até o dia que Pinóquia resolveu voar.
Conseguiu voar, porque era uma abelhinha muito esperta, mas por um tempinho muito curto. Foi muito alto, muito mais alto do que devia, e terminou em um tombão. Pinóquia se machucou muito, mas não quebrou nada. E quando as cicatrizes fecharam ela percebeu que valeu a pena ter voado. Foi uma experiência incrível e deliciosa em cada segundo.
Depois disso não havia mais como negar que a menina abelha era uma menina abelha. E nem ela queria isso! Se sentia muito bem com a sua parte abelha.
E, afinal, nunca quis mesmo ser uma menina de verdade, uma menina normal.


Pinóquia vive hoje muito feliz consigo mesma e tem planos de voar outra vez.
E o que nos une, desde sempre e para sempre, é o mel.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Adeus.

Pela última vez, te escrevo as últimas linhas.
Esse é o último e-mail que escrevo na minha sala, acabei de pedir demissão. Perderei assim esse endereço, que será cancelado tão logo o responsável pela informática chegar amanhã e encontrar o meu bilhete.
Vendi também nosso apartamento e sua metade será depositada amanhã pela Renata -moça que arrumei para cuidar desses meus últimos assuntos na cidade.
Sim, parto no primeiro vôo dessa madrugada. Já está tudo arrumado, me aguardando desde aquela conversa que tivemos no Bar do Zé.
Não é nada precipitado nem impensado. Não pense também quem é uma atitude infantil, não é. É apenas uma necessidade minha. Ir para longe, colocar a minha vida em ordem outra vez.
Fechei minhas contas, cancelei minhas assinaturas. Não adianta procurar, sinto muito, mas tem que ser assim.
Apenas alguns mais chegados sabem para onde estou indo. E nem mesmo eu sei se volto.
Levo agora comigo tudo de bom que vivemos e o amor que amadureceu. Depois já não sei se seria assim.
Um beijo, se cuida!

Obs.: Deixei umas caixas com umas coisas suas, na casa do zelador. Preso em alguma caixa está o cartão para você entrar em contato com a Renata, caso for necessário.

Com carinho,

terça-feira, 16 de setembro de 2008

um conto de fadas moderno

[Baseado em fatos reais, aconteceu com umamigodeumamigomeu!]

Era uma vez uma serelepe menina a quem vou chamar de Julieta.
Julieta era, aparentemente, uma menina como outra qualquer, mas o que Julieta gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não era nada que se esperasse de uma menina qualquer.
Julieta gostava de ouvir Sepultura enquanto bebia água com açúcar. Sim. Ah, e Julieta também gostava de beijar meninas pra não cair numa rotina.
Assim Julieta conheceu uma jovem senhora, uns bons 10 anos mais velha que ela, a quem vou chamar de Getúlia.
Getúlia era uma jovem senhora comum. Casada, emprego fixo, academia 3x na semana, salão às quartas, responsabilidades. Mas o que Getúlia gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não alegraria nenhum pai de família, nem o mais liberal.
Getúlia gostava de paquerar meninas. Meninas no auge dos seus 16, 17 anos. Meninas de colégio. Meninas bem engraçadinhas. Meninas como Julieta.
Enquanto Julieta curtia essa aventura deslumbrante, ganhando presentes e indo a todos os lugares às custas do cartão de Getúlia, que era pago pelo maridocorno, Getúlia entrava numa espécie de fixação por Julieta e sua alegre juventude despreocupada.
Getúlia cercava tanto Julieta, buscava no colégio, ligava querendo saber aonde estava, com quem andava e até se já havia tomado banho e escovado os dentes naquele dia, que nossa temperamental Julieta se cansou.
Julieta recomeçou a sair por aí e numa dessas saídas foi apresentada a uma exótica menina, a quem vou chamar de Bernardette. Bernardette era uma menina normal, sob alguns pontos de vista, mas ao contrário de Julieta, Bernardette beijava meninos pra não cair numa rotina e somente quando não havia ninguéém olhando. Posta contra a parede, negava até a morte.
Julieta se interessou pelo estilo atraente da menina e resolveu ver no que dava. Passou a sair sempre com Bernardette. Se conheceram melhor e Julieta percebeu que Bernardette era exótica demais pra ela, mas havia alguma coisa que fazia com que ela sempre fosse aos encontros.
Até o dia em que a descompassada Getúlia, depois de ligar 17 vezes para o celular da Julieta e não obter resposta, esperou na porta do seu prédio, dentro do carro e tentou atropelar Bernardette, quando essa deixou Julieta em casa.
Julieta resolveu que então já era hora de acabar com isso e colocou uma pedra de mármore em cima de cada uma. Apenas uma expressão forte, Julieta nunca mataria ninguém.
E aí tudo mudou. Julieta conheceu um carinha que fez seu coração bater mais forte, a quem vou chamar de Augusto.
Augusto numa primeira olhada era um menino comum. Um pouco playboy, mas um playboy comum. Mas o que Augusto gostava de fazer quando ninguém o via fazendo não era nada normal, se tomarmos coisas esperadas de meninos playboys. Augusto gostava de ouvir Britney no banho e dançava todas as coreografias perfeitamente. Mas quando Julieta descobriu essa e outras peculiaridades de Augusto, já era tarde demais. A plantinha do amor já estava crescendo. Mas isso foi depois, muito depois.
Antes, aparece Getúlia outra vez.
Julieta como personagem de conto de fadas que é, atende um inesperado telefonema de Getúlia quando saía do cursinho de francês e aceita ir comer uma pizza e conversar, já que Getúlia estava com o carro parado na porta do cursinho e não lhe deixou muita escolha. Resolveu ir pelos seus pés pra não ir arrastada pelos cabelos, afinal gostava dos seus cabelos e havia feito escova ontem pra festinha de amanhã que ia com Augusto.
Na pizzaria Getúlia se transforma numa criatura compulsivamente chorona que Julieta não imaginava existir dentro de ninguém... Agarra as mãos de unhas recém-feitas da nossa Julieta e implora pra que elas voltem a se ver. Diz que por ela largaria tudo, mais que isso, já estava largando! Já tinha alugado um apartamento pra elas e estava esperando um bebê, que elas criariam juntas, com muito amor.
Pausa para a Julieta se recompôr do choque.
Julieta puxou suas mãos das de Getúlia e automaticamente se deu um abraço desesperado. Sentiu muito medo e queria que Augusto estivesse ali.
Respirou fundo pra juntar as (agora furtivas) forças e disse, tremendo, que sentia muito, mas aquilo não dava mais. Que ela resolvesse o problema do apartamento e se reconciliasse com o marido, para o bem dela e do bebê. Disse que sentia muito outra vez e, antes de sair, que ela não a procurasse mais, por favor.
Enquanto corria pra longe, Julieta se deu conta que corria na direção da casa do Augusto e temeu pela segurança do seu benzinho. Mudou então de direção, agora pra sua casa e, aos prantos no telefone, pediu que Augusto não viesse perto da casa dela aquele dia. Se encontrariam mais tarde na casa de uma amiga em comum e ela explicaria tudo.
Não explicou nada, na verdade. Disse que era TPM e já estava tudo bem. Não queria que Augusto, temendo qualquer coisa, a deixasse.
Um tempo depois, Julieta encontrou uma amiga da Getúlia que contou que a família toda tinha se mudado pro Acre, por causa do trabalho do maridocorno. Julieta finalmente respirou aliviada e sorriu ao vislumbrar seu magnífico futuro ao lado do seu quasepríncipencantado, Augusto.

Hoje em dia Julieta está muito bem com Augusto, ficando claro que 'bem' significa uma briginha aqui, uma discussão ali, alguns xingamentos e muitos momentos felizes.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E diz que a vida é feita de ilusões

A linha que separa a realidade é tênue?
Eu discordo! Não existe essa linha. Não me entenda mal, existe uma realidade, uma realidade para cada um de nós com um mínimo que a gente compartilha. Mas o ponto em que deixa de ser real é inexistente, tudo pode ser real pra qualquer um. A história quando você conta, deixa de ser real, já que passa pelos seus cortes e adições. E mais que isso, quando alguma coisa acontece já deixa de ser real, porque acontece pra você de forma diferente do que acontece pra quem estava lá.
As pessoas inventam problemas, inventam paixões, inventam alegrias e tristezas. Tudo para ser usado como muleta.
Quem nunca passou pela situação de relembrando um fato não saber mais o que realmente aconteceu e o que acrescentou?
A desilusão não existe, porque na verdade, só muda o tipo de ilusão. A gente deixa de achar algo maravilhoso e passa a achar péssimo. Ambas classificações ilusórias. Opositivas e ilusórias. A verdade estaria no meio disso, mas interpretar é ficcionar da sua maneira.
Não é errado se iludir e ninguém gosta de se desiludir, mas o que seria certo e o que seria errado? Também ilusão de bom e ruim.
Gostamos dos ilusionistas por isso, eles fazem parecer que a única ilusão é a forma mágica e não o cotidiano.
E por gostar dos ilusionistas, gostamos de nós mesmos, gostamos da ilusão porque ela amortece o impacto.
Doce ilusão...

domingo, 14 de setembro de 2008

Só pro meu prazer!

A satisfação de ver as cartas queimarem na lareira vai embora quando chegam os primeiros raios de melancólica embriaguez, na segunda taça daquele vinho que não foi aberto no último dia 12.
Com um pouco de dificuldade no manuseio do atiçador e uns dedos queimados numa ansiosa tentativa de resgate, conseguiu salvar uns pedaços das cartas e algumas paisagens das fotos rasgadas em tantas partes.
Se sentiu queimando junto com o papel, sofrendo junto com as distorções nas fotos. Não queria queimar as lembranças, muito menos o amor. Queria deixar tudo ali, pra sempre. Não sabia que essa escolha não existe. Algumas coisas se vão para outras poderem ficar.
Se colocou então na adorável tarefa de reconstruir aquele amor, pra guardar na memória como achasse melhor. Sem os defeitos, sem as brigas, quase sem a realidade e com toda a realidade possível. A realidade escolhida das ficções.
O seu maior amor deixou de ser algo vivido, nada palpável, pra se tornar a sua maior ficção de amor, totalmente palpável. E reconfortante, principalmente naquelas noites.
Nenhuma palavra dita depois disso, nenhuma cena armada, nenhuma foto de nenhum outro momento feliz. E toda uma vida realizada em delírios apaixonados e desesperados.
Apenas o prazer das delícias insinuadas nas suas fantasias reais ainda estão lá, depois de tanto tempo e tantas mentiras.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Machado pra vocês! ou Podem respirar aliviados uns minutos...

-Upa! Cá estamos. Custou-te, não, leitor amigo? É para que não acredites nas pessoas que vão ao Corcovado, e dizem que ali a impressão da altura é tal, que o homem fica sendo coisa nenhuma. Opinião pânica e falsa, falsa como Judas e outros diamantes. Não creias tu nisso, leitor amado. Nem Corcovados, nem Himalaias valem muita coisa ao pé da tua cabeça, que os mede. Cá estamos. Olha bem que é a cabeça do cônego. Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha, que ainda assim não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual...
-Sexual?
-Sim, minha senhora, sexual. As palavras têm sexo. Estou acabando a minha grande memória psico-léxico-lógica, em que exponho e demonstro esta descoberta. Palavra tem sexo.
-Mas, então, amam-se umas às outras?
-Amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo. Senhora minha, confesse que não entendeu nada.
-Confesso que não.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A beleza do Nós contra a cultura do Eu


O egocentrismo nasce com a gente e cresce com a gente.
Vivemos cercados de eu. Eu gosto disso, eu não gosto daquilo, eu quero tal coisa, eu não gosto de fulano.
Quando o eu se vê de frente com a realidade do nós leva um choque. Não é mais eu, somente eu, nada mais do que eu. Tem outro eu ali. Com a mesma carga egocentrica que o seu eu, mais ou menos, mas outros gostos, outra visão de eu. Um eu completamente novo, diferente do seu eu e mesmo assim tão parecido.
Nós. Uma realidade não tão confortável quanto a realidade do eu. Você tem que ser maleável e aceitar que não importa só o seu eu. Outros eu estão espalhados por aí e importam demais. Para eles e para você também.
Mas e se o nós for social? É um choque maior na cultura do eu. Eu desvio verbas mesmo, já que qualquer um no meu lugar faria o mesmo. Eu estou sendo beneficiado, o outro eu (ou váários outros eu) que está sofrendo, perdendo, morrendo que procure um jeito de se beneficiar também! É a "lei do mais esperto", na nossa sociedade de malandros. Deixar o eu e pensar no nós socialmente é mais difícil, é mais raro, talvez por ser menos doce e recompensador.
Mas vale a pena.
Você percebe que vale quando vê outros eu sorrindo pra você. Quando vê que as pequenas coisas que os pequenos eu podem fazer mudam demais o nós.
Quando o seu eu faz parte de um nós que não seja um nós social, um nós que seja um nós romântico, bate aquela responsabilidade de ter se metido na vida de uma outra pessoa, de causar sorrisos, de amar. O pequeno príncipe já dizia que você se torna responsável pelo que cativa, cativar é coisa séria. Séria como um nós. Esse nós é um nós muito procurado, um nós às vezes buscado sem resposta. Mas um nós adorável de se viver.
O nós, social ou romântico, é uma necessidade do eu. O eu que não aguenta mais ser só eu, uma criaturazinha perdida no meio de tantos nós.

Sexo, Paixão e Amor.

No melhor estilo 'Sexo, Drogas e Rock'n'Roll'...

Sexo é sexo mesmo. É aquilo que todo mundo sabe o que é, e como diz um professor, "se não fosse bom todos os animais estariam extintos!". Não posso fazer metáfora com isso.
Não, não é a droga do amor. Não espere isso de mim. Embora reclame e chore por aí, sou uma romântica ferrada. A paixão funciona como uma droga. É altamente alucinante, você se sente a pessoa mais feliz e capaz de fazer qualquer coisa! Até que o efeito passa.
O amor é o róquenrrôul, como não podia deixar de ser. Um rock baladinha, um rock que adoramos cantar, um rock que marca.
Nós precisamos dos três, precisamos conviver com eles e manter certa harmonia saudável entre eles. E todos nos mudam. A primeira paixão é sempre a mais terrível, nos pega sem vacina, sem aviso prévio e muda nossa visão de necessidade. O primeiro amor é mágico, e podem existir dois, um vem junto com a imagem da adolescência no horizonte (ou demora mais um pouco) e pode ser pelo amiguinho ou pelo professor de natação quarentão ou recém-formado, o outro vem depois, aquele que você come doces pedacinhos e recebe outros em troca, o primeiro vivido em dupla. Costuma ser o mais mágico e é melhor quando vem separado do pré-adolescente. Esse amor nos muda por dentro e por fora, muda nossa cor e muda o nosso mundo. O sexo mudo tudo que você não pensava mudar e tudo que você nem pensava poder existir. Só vivendo mesmo, os três.
Sexo não precisa de amor nem de paixão. É o elemento que se basta por si só. Sozinho, mas sempre acompanhado. Há sempre quem prefira com o tempero que a paixão coloca, eu há quem prefira a plenitude com o amor e há quem prefira ele de qualquer jeito, com tudo ou sem nada.
Paixão precisa de sexo. É assim mesmo, uma necessidade. Por ser fugaz a paixão (toda e qualquer) precisa de alimentos. Sexo, ciúmes, brigas, reconciliações, sexo, beijos e mais beijos. Mas uma hora ela se solta disso tudo e some no mundo. Ou deixa de ser carne e vira alma (aula sobre Drummond acaba nisso), e aí chegamos ao amor.
O amor é o que sobra da paixão, mas não é menos por isso. Sobra mas aumenta. Muda o tempo todo, se constrói, se alimenta e se aniquila. Simples assim e intricado como só. Pode tentar fugir e mudar, não dá.
Dos três é o que não se consegue explicar nem entender.
Se nem os poetas conseguiram, não serei eu nem você.


-Acho que as aulas de 'Teoria da Literatura' às segundas logo cedo estão me influenciando demais.

domingo, 7 de setembro de 2008

Aquele Cara!

Sabe aquele cara que vai estar sempre lá pra você?
Aquele que você vai ligar pra dizer que se machucou e chorar. Ou pra dizer que pegou o ônibus errado e "onde diabos eu estou??".
Aquele que te aguenta em qualquer tpm, aquele que ouve todos os seus problemas e resolve todos que estão ao alcance (e principalmente os que não estão), aquele que tenta entender quando você compra uma bolsa de 100 reais e não discute se você quer outro par de sapatos.
Aquele que levantará sempre no meio da noite por você. Quando você precisar ou não.
Aquele que não liga pras suas grosserias pós-briga e te chama sempre de princesa.
Aquele que vai ouvir você falar de outros homens. Com alegria e tristeza. Vai segurar seu cabelo enquanto você chorar no colo dele e vai te 'ajudar' a comprar presentes de Dia dos Namorados.
O único que você vai achar que é perfeito em todas as suas imperfeições.
Sempre foi assim e será sempre igual.
Papai!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Politicagem

Não gosto de textos políticos defendendo qualquer coisa que não sejam as suas idéias.
Não gosto de quem defende canditato A nem partido B em blogs pessoais. Não gosto.
Talvez seja por gostar muito de amor e coisas belas que essas sujas me pareçam quase ofensivas.
Não gosto de receber panfletos oito horas da manhã e não gosto que neles venha escrito algo como: "Os ricos pagarão a conta de tudo!!". Essas coisas devem ser evitadas, principalmente antes das quatorze horas.
Gosto de política, gosto de quem defende o que acredita, mas num país como o nosso chega a ser obsceno achar que os ricos vão pagar "a conta" e vamos chegar assim a uma igualdade, a uma vitória dos pobres. Sim, essa é a divisão, mas não sou eu que estou dizendo, pegue qualquer panfleto, ouça qualquer horário político! (mentira, não faça isso, sua sanidade mental agradece)
Um país como o nosso.. Não querendo soar depreciativo, apenas realista... Eu gosto de morar por aqui, acho que se não roubássemos tanto de nós mesmos seríamos até um novo país, bem-sucedido.
Mas é mais fácil ser hipócrita e falar em igualdade na hora do almoço durante umas semanas -do que abrir mão do seu carrão, da sua mansão, das jóias da sua esposa e suar a camisa.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

bomdiaflordodia


Muitobomdia,senhorsol!
Éparavocêqueabrohojemeumelhorsorriso.
Nãoàtoa,vocêmefezsorriraoaparecertãosemavisar,depoisdetantotempo!
Acheiquenãofossemaisseraconchegadanoseucalorzinho,nemterminhasbochechasrosadas.
Estavaenganada,vocêvoltoucomosenãotivesseido.
Comosetivéssemosbrigadoearaivafinalmentetivessepassado.
DeviaserTPM,não? DizemquetudoéTPM. OutalvezsuaLuaestivesseemMarte...
Nãoseienãoimporta. Vocêvoltooou!!
Nãoseváoutravez,nemtãocedonemportantotempo.
Estarvivaébomdenovo.
Obrigada.

Só para falar das rosas.

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada.
Eu poderia falar de tempo, de clichês, de amor, de medo, de amizade, de paixão, de pra sempre, de sempre acaba, de Drummond, de guerras, de fotos, das estrelas, do mar, do ser, do não ser, dos seus olhos.
Eu poderia falar sobre coisas que aconteceram comigo, coisas que acontecerão comigo, coisas que poderiam ter acontecido comigo, coisas que eu gostaria que acontecessem comigo, coisas que acontecem.
E só porque eu poderia falar sobre tudo isso que vou falar de rosas.
Já que as palavras certas me faltam para todos os assuntos e as erradas eu já repeti demais, falarei sobre rosas.
É por isso que vou falar de rosas, de como elas precisam dos seus fiéis espinhos junto de si, de como elas aceitam abrir mão deles para alegrar uma namorada.
Eu falo sobre as rosas porque elas são todos os assuntos juntos, são eu e são você. São vermelhas, amarelas e hoje até azuis.
As rosas exalam, as rosas colorem, as rosas encantam, as rosas emocionam. E ganham. Ganham o título de flor dos apaixonados, medalha de ouro como campeãs de vendas no dia dos namorados. Ganharam você, como num mar de vinho tinto.
É por isso que falo sobre rosas, apenas porque não poderia não falar sobre elas.
Falo de rosas porque as rosas não podem falar por elas.