quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

De outros carnavais

Sem fantasias reais, mas com muitas fantasias imaginárias, assim foram meus últimos carnavais.
O carnaval pra mim chega sem pressa desde que deixei de ser uma colegial. A emoção de um último gole de férias acabou. Só ficou a proximidade do começo de ano, começo de ciclo, promessa de vida nova, embalados ao som de sambas.
Essa falta de pressa e de emoção me fez no primeiro alugar alguma meia dúzia de filmes e me fechar em casa com a única companhia que me agradava. Planos diversos rodavam na minha cabeça e a faculdade nada mais era que meu último fracasso que ainda coçava.
No segundo ano, junto com a falta de pressa e de emoção veio uma viagem nada bem bolada e a faculdade era algo real, minha próxima realidade. Mais os planos eram outros, diversos dos do ano anterior. Sem mais a companhia e não querendo ver nenhum outro tipo do gênero, uma outra viagem era bolada. Com um casal de bons amigos o futuro era muito promissor no país hermano. Lá pareciam estar todas as respostas, sem pressão, nas estradas por aí. Uma mochila nas costas, bons amigos e amores novos com boas histórias. A promessa estava feita, minha vida ia mudar.
E mudou. Terceiro carnaval. Nem me lembro mais de como costumava pensar no colégio. Nem me lembro mais das gírias que costumava falar, nem dos filmes que aluguei. Não lembro também de quanto ia gastar com nossa aventura despreocupada.
Ainda não me agrada o auê dos blocos, ainda me cansam os desfiles na sapucaí, nada mudou. Mas alguma coisa aconteceu. A viagem correu entre os dedos, o amor dos meus amigos parece ter esfriado antes do clima, mas nada que me faça desacreditar, como faria antes. Os planos ainda estão aí. A mochila só não está no armário porque o amor está no ar. Não os meus vários amores de noites, mas o amor que ganhei de presente num aniversário que não era meu.
E assim mais um carnaval. Mais planos, mais faculdade, mais viagens, mais amor.
Me faça um favor quando sair para comprar camisinha? Abaixe o volume do trio elétrico.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Bonjour ma belle!

Querida, fiquei muito triste ao ler sua última carta.
Gostaria de ainda estar aí ao seu lado para poder te lembrar que o mundo está nas suas mãos e te mostrar que todos esses medos são tolos.
Quem já te parou na rua e criticou sua roupa ou seu cabelo despenteado de manhã? Quantas risadas de pessoas que apontavam pra você já contou? Querida, me dói dizer isso, mas as pessoas não estão preocupadas se a sua blusa não está passada ou se você não lava o cabelo desde terça. As pessoas estão preocupadas com seus problemas e, pra elas, você não é importante. Que ego esse seu, hein? Desde que você não saia pelada, incentivo que saia do jeito que quiser!
E quanto às decepções...
Querida, eu sempre te disse que a vida é feita de decepções, não? Decepções e conquistas! Queria saber quando você deixou de ser minha jovem Werther. Você, que costumava respirar amor, sorrir feito criança na frente da árvore repleta de presentes, acabou se percebendo alguém tão ressentida a ponto de não achar mais graça nos pequenos flertes, nas pequenas conquistas.
Me alegro em saber que você conseguiu aquela entrevista com a Martha! Minha rede de contatos ainda está de pé! Agora sabemos que é questão de tempo até que consiga um texto aqui, outro ali. Está no caminho certo, minha querida, como sempre esteve! (Consegui outra entrevista pra você aqui também, mas não fique ansiosa demais! E isso é assunto pra depois...)
Por falar em tempo, repare que tem outro envelope separado desta carta, das fotos, postais e suas "pequenas lembrancinhas". Vai lá, abra!
Sim, querida, chegou a hora de você vir me visitar! Terminei meus projetos maiores, encaminhei os outros. Você termina a faculdade e já é agora a pupila da Martha, além de minha. (Bom, isso era segredo, eu ia te contar enquanto tomássemos aquele belo café que você sempre ouviu tão bem e quer provar, mas não me contive! Babi me contou que a Martha adorou você, adorou os três textos que você mandou para o e-mail e achou a sua idéia para o livro uma das mais originais que ela já ouviu. Tenho mais algumas novidades, mas você saberá na hora certa!)
Então, continuando, agora que estamos organizados você já pode vir passar a sua temporada aqui comigo! Fique o tempo que quiser, vamos conhecer todo esse velho continente!
Estou morrendo de saudade, afinal parece que aperta quando se aproxima e se concretiza a sua vinda, assim como ficamos com mais vontade de fazer xixi assim que abrimos a porta de casa.
Pense bem sobre sua alma wertheriana! Se não conseguir mais encontrar aquela menina intensa, deixe que eu te conto como ela é!
Se cuida e termina esse semestre com o maior empenho, pois sabe que vale a pena cultivar boas relações com seus professores! Contatos, querida, contatos!
Te amo como sempre amei.
Au revoir ma chérie!