O tempo sempre fascinou com aquele fascínio que amedronta.

"O tempo demora muito a passar!" dizem os que estão cansados do trabalho, da aula, da solidão.
O tempo amedronta na hora do adeus e fascina na hora de um novo 'olá', mostrando que, vai, uma semana (ou quem sabe dois anos) não é tanto tempo assim.
Dois anos não é tanto tempo assim?
Dois anos é tempo pra caramba pra ficar longe de quem se ama.
Dois anos não é taanto tempo assim pra se conhecer alguém.
Dois anos é quase nada para quem faz faculdade de medicina.
Dois anos é tempo que passa rápido demais. Mal as promessas de ano novo são feitas pulando sete ondinhas e já estamos nós de novo no Natal.
E uma semana?
Muitos diriam que dois anos é 'um tempão' e uma semana não é nada.
Não? Experimenta começar a namorar e esperar uma looonga semana pra estar junto. Experimenta estar a uma semana do seu casamento. Experimenta estar a uma semana do seu filho nascer. Experimenta estar a uma semana das férias.
Agora experimenta estar a uma semana da volta às aulas. Experimenta estar a uma semana daquela prova importante. Experimenta estar na sua semana rotineira e me diz se quando você vê já não é sexta de novo e você está sentado com os amigos tomando uma cerveja e falando sobre futebol. Ou homens. Ou os dois.
E então? Uma semana é muito ou pouco tempo?
Essa é uma daquelas resposta em que a metade de lá diz á e a metade de cá diz bê.
Mas no que os ás e os bês concordam é que não se pode parar esse senhor. Tentamos escrever nossas experiências, tentamos capturar e segurar o momento em uma foto, tentamos dizer e fazer tudo que achamos que devemos dizer e fazer, mas nunca é o suficiente. Sempre se volta da viagem sentindo falta dessa ou daquela foto. Não escrevemos tanto assim, afinal, e o momento passou e essa ou aquela personagem ficou sem aquele traço e essa ou aquela história ficou sem aquela vírgula que, sabemos, mudaria tudo. Ou não?
Dizer e fazer ou não dizer e não fazer, são outras artimanhas do tempo. Ele nos dá todo seu tempo, esse senhor. E, no fim, não foi quase tempo nenhum. A gente volta pra casa e pensa que poderia ter feito diferente. E se? E se eu tivesse dito sim? Ou tivesse dito não? Ou, por Deus, e se eu tivesse dito QUALQUER coisa?
É, você poderia ter feito diferente, mas amigo, não fique remoendo isso! Não culpe os seus atos e nem culpe o tempo curto demais, porque se você acha que o senhor tempo é o velhinho mais tinhoso, está enganado! O senhor destino pode ser bem pior.
E eles trabalham juntos. É uma parceria de longa data.
O tempo encurta e alonga para que os planos do destino aconteçam.
Então, meu caro, se você não disse, não disse e pronto. Paciência. Se você disse, está dito. E mais paciência ainda!
O que tem que acontecer, vai acontecer!
Diga que ama, diga o que te incomoda, dê socos em quem merece e abraços em quem retribui. Diga que ama quantas vezes te vier na cabeça (e ainda serão poucas) e ame. E não odeie. E ame. E dance na chuva e empurre seus amigos na piscina. E ria. Muito, com todos. E ame. E dê presentes. E dê muito mais sorrisos. E coma doces. E ame. E saia. E se divirta horrores. E compre presentes pra você. E se dê um tempinho. E ame. E se ame!
Sim, é clichê, mas você já sabe que eu gosto disso.
E por que eu gastei um bom tempo desse dia lindo de sol pra escrever isso?
Porque eu quero aproveitar todo o tempo que puder pra dizer o que eu acho que tenha que ser dito e fazer o que eu acho que tenha que ser feito. E, vai, nem foi taanto tempo assim!