terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nada é claro como vodka!

Se não atravessamos o mesmo rio duas vezes, tudo é fim. Não é claramente um fim porque depois podem acontecer zilhões de situações, mas foi fim um dia. Para alguém, sob algum ângulo. De algum jeito. Precisamos de fins. Fins de todos os tipos, todos os dias. Senão tudo seria ao caos tendencioso.
E se vovó já dizia que tudo tem dois lados e o professor na faculdade que tudo tem infinitos lados, não pode ser claramente ruim. Foi bom mês passado, mas agora é motivo de careta de arrependimento. É bom agora ou foi ruim naquela época. Para e pensa, as vezes você pode rir disso as três da manhã. Com ou sem um copo de vodka na mão.... Já que nada pode ser mais claro. Se é que você me entende...

"Nada é claramente fim e nem todo fim é claramente ruim"...!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E na era touch....

A tela do banco reagir ao seu toque e gritar caso você seja desatualizado o bastante (quase uma aberração) para digitar a sua senha no teclado comum enquanto o teclado laranja brilha na própria tela já não deixa mais ninguém fascinado. Talvez com exceção a mim mesma, passando vergonha no caixa eletrônico, olhando vermelhadoramente por trás dos óculos para o banco cheio atrás de mim que parou para observar ao reclame da doce máquina assustada. Coitada, ela não esperava por isso.
Não que eu tenha algo contra "as modernidades", claro que não, eu as adoro. Só sou contra exageros (Ok, exageros tecnológicos.... Porque de exageros dramáticos eu sou adepta). Camera digital, ok. Celular, super-ok. Computador, ok gigantesco. Palms e mp4, pra que exatamente? A minha barreira de tecnologia se rompe bem no início.
Em um mundo que você atende o seu celular escorregando o dedo pela tela quase macia (parece magicamente macia pra mim) ou mexe no computador ou pausa a música no seu iPod touch, as pessoas se esqueceram que encostar em outra pessoa pode ser mais interessante.
Eu não posso me divertir com mais coisas tocáveis do que a tela do banco e talvez seja por isso que mesmo o telefone parecendo macio, a pele ainda me parece mais atraente. Pelo menos é quente e isso faz uma diferença tremenda para alguém que sempre está com ao menos um pouquinho de frio.
Eu posso ser estranhamente velhota, as vezes até me surpreendo comigo, mas nesse mundo touch e moderninho eu quero poder abrir e fechar o meu celular para atender ou desligar (sempre achei o máximo) e quero relacionamentos touch! Passar por um amigo querido e encontar nele só pra dizer que está ali. Deixar um beijo ao passar pela minha avó. Receber um beijo quando alguém passar por mim também. Ou um sorriso. Porque sorrisos tocam tanto quanto palavras -quando são verdadeiros.
Mais que isso, o meu espírito ultrapassado e romântico quer um amor touch.... Aquele tipo de amor repleto de sorrisos e beijinhos e mais um oceano de pequenos afagos. Tenho um amor touch, é verdade, e talvez eu seja mesmo bem moderninha, mas quero o amor touch quando os iPods forem artigo de brechó.
Quero que esse amor touch me faça carinho quando acordar de manhã, quero que a ainda achemos graça, quero que ainda faça todo o sentido do mundo dar as mãos quando as mãos não forem assim tão ageis e lisas, mas ainda mais carinhosas.
Quero a alegria triste de assistir Faustão e rir das videocacetadas mais do que qualquer criatura digna riria. E que o touch esteja lá enquanto colocamos um neto pra dormir ou jogamos buraco em alguma tarde cinza.
E também quero que ainda existam brechós, claro. Assim posso comprar um iPod touch pra minha netinha e falar do quanto as pessoas eram moderninhas demais na minha época de brotinho.

Ainda bem que pra cada metade de uma laranja existe a outra metade que encaixa, senão eu estaria perdida no meu mar de lamentações mofadas do baú da vovó....

Ou talvez eu já esteja perdida em tantos clichês e breguices. Ainda bem que eu já fui achada.