sexta-feira, 26 de março de 2010

Vivemos na cultura da falta de cultura aonde os fortes não tem vez....


O bandido tem o carrão. O corrupto a casa em Miami. O esperto ganha uma camiseta.
É isso aí. Agora até se aprende na escola. E ninguém mais quer fazer cinema com as leis, querem sim mudar as leis. Enrolá-las, torce-las, vira-las do avesso até ficar como melhor convém. Eu faço a minha lei.
O bloco do eu sozinho agora não é mais sentimental, não é profundo nem poético. Não é nem ao menos bonito. É egoísta, narcisista e esperto.
Cultivamos valores sem valor e amores superciais. Cultivamos os olhos fechados e os relacionamentos de interesse.
O seu preço está cada vez mais alto. Mas vale cada vez menos.
Nos escandalizamos com a sujeira pública. Mas ela é nossa e cada um faz a sua.


Podemos reclamar?
O povo:
- Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas...
- Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas...
- Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração...
- Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura...
- Fala no celular enquanto dirige...
- Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento...
- Para em filas duplas, triplas em frente as escolas...
- Viola a lei do silêncio...
- Dirige após consumir bebida alcoólica...
- Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas...
- Espalha mesas e churrasqueira nas calçadas...
- Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho...
- Faz gato de luz, de água e de tv a cabo...
- Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos...
- Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda, pra pagar menos imposto...
- Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas...
- Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota de 20...
- Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes...
- Estaciona em vagas exclusivas para deficientes...
- Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado...
- Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas...
- Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca...
- Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem...
- Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA...
- Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho...
- Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo...
- Comercializa os vales transportes e vale refeição que recebe das empresas onde trabalha...
- Falsifica tudo, tudo mesmo.. só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado...
- Quando volta do exterior, nunca fala a verdade quando o policial pergunta o que traz na bagagem...
- Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve...
O povo escolhe os líderes. E os mesmos saem do povo. Poderia ser diferente?

Acho que vou virar hippie..... -Mas uma que se depila, por favor.

domingo, 14 de março de 2010

águas de março

Um mês fora da realidade.
[Já que realidade tem aquela cor cinzenta]
Nunca felicida e férias se completaram tanto na minha vida.
Entendi. Senti. Amei.
E agora e choro as águas de março.
Choro pelo vazio que ficou no su lugar.
[Aqui, do meu lado]
Choro pela falta do abraço.
Choro pelo silêncio aonde não está a sua voz e o seu riso.
Sim, sou uma estúpida romântica incorrigível. E uma perfeita exagerada.
Mas não sei mais dormir sozinha.
Nem dá vontade de comer se não tem você pra fazer um pedido especial.
Conversar? Com quem? Alguem que compense a conversa com você está difícil.
[As conversas estão aborrecidas]
Estou perdida.
Estou perdida agora que você me achou.
[E não sinto o menor receio quanto a isso]

quinta-feira, 11 de março de 2010

Paula Coelho

Olá, meu nome é Paula Coelho e eu escrevo auto-ajuda. Sim, auto-ajuda. E não essa balela de desenvolvimento pessoal. Eu não me desenvolvo em nada escrevendo, mas é de grande ajuda terapêutica. Se eu escrevesse em máquinas e acumulasse todo esse papel poderia me dar ao luxo de dizer que talvez as traças se desenvolvessem enquanto deliciavam tal profundo banquete. Mas não. Nem isso. Escrevo para o nada. Escrevo pra mim mesma.
O escritor é uma criatura tão falida que escreve por necessidade de manter uns fios de razão. Um escritor pode escrever a vida toda só pra ele e suas traças, mas não pode ter o conforto de não escrever. Quem não escreve é feliz.
Vou fazer a minha releitura clássica que nem sei se já não foi feita por nenhuma outra mente brilhante: "Escrevo, logo existo!". E é exatamente por aí.
Por falta de terapia, transcrevo meus devaneios melancólicos e dramáticos (tentando dar a eles um tom mais leve e descontraído) só pra me envergonhar logo em seguida e me perguntar aonde foi parar o meu eu literário genial. Eis o meu dilema. Preciso escrever para existir e não enlouquecer, mas não escrevo nada que possa ser lido sem ruborizar minhas bochechas...
Eis que em um inspiradíssimo insight (mistura de água gelada no calor infernal e alguns cabelos escorrendo pelo ralo) percebi que meu eu literário genial se perdeu como meus shorts e alguns muitos fios de cabelo. Em cada Outback e Burguer King (merchan direto na minha conta, por favor), em cada pizza de madrugada meu eu literário genial foi esmagado por gordura trans! Cada vez que me sinto plena meu euzinho literário genial dá sinal de vida e me manda alguns post-it's(?) com anotações de beleza imensurável! É lindo, mas a minha confusão interna vestida agora de monstro trans ainda o está sufocando....
Como perfeito espírito melodramático que sou, tenho certeza que quando não mais for a maldita trans vai ser um outro monstro qualquer. Porque todo gênio é um pouco louco *pretensão ligada* e a obra de arte só fica admirável quando trabalhada por horas a fio, depois de uma ou duas doses e uma ou duas lágrimas.
Nada na vida é fácil.
Maktub.
"A palavra tem um poder maior que muitos rituais."
“O combate nada tem a ver com a briga”.
Namaste.

Ok, chega de Coelhice. Talvez eu vá correr na praia agora. Talvez eu vá comer minha imitação da Pringles agora....