quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Já é Nataal..!


Outra vez já estamos no Natal, dois passos de um novo ano.
As luzes coloridas e piscantes pela cidade e as musiquinhas nas propagandas e nos celulares dão um ar de alegria e nos enchem de sentimentos e pensamentos agradáveis.
Mas menos de 10 dias em mais de 360 não parece um número muito tímido? Sim, e é.
Os mais otimistas dizem que é alguma coisa, pelo menos uma prova de que ainda temos salvação. Os mais pessimistas dizem que é uma hipocrisia sem tamanho você fingir que se importou durante todos esses meses dando um presente pra filha do porteiro.
Não importa. É claro que existe salvação, que embaixo de toda essa correria e essa impressão de invisibilidade e impessoalidade ainda está tudo que vale a pena. Não é regra, mas sempre existe a exceção. E também não é nenhuma exceção.
Tudo vai acabar bem (ou não, talvez eu seja uma eterna sonhadora).
Por isso respire fundo e sorria enquanto come sua rabanada pesada de gorduras, porque semana que vem a gente faz muitos planos, pula algumas ondinhas e começa tudo de novo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sorte de hoje: A estrada para o verdadeiro amor sempre tem obstáculos

O que seria um amor verdadeiro?
O que seria o amor?
Quando se sabe que se ama alguem?
O amor mais verdadeiro é aquele de mãe (de família), de alma, de vida. O amor dado de graça, sem perceber. O amor incondicional. O único que nunca acaba.
O amigo quando se não mudaria nada, quando a grosseria passa despercebida, quando é o primeiro número discado pra contar aquela novidade ou derramar lágrimas aflitas, é um grande amor, um grande apoio.
Mas as cobranças desgastam cada pedacinho desse amor. Ele é frágil. Ele não resiste a portas batidas e telefones desligados. Ele não renasce no café da manhã seguinte como se nada tivesse acontecido. Ele acaba.
E o amor enamorado... É o mais difícil de enumerar características, o mais complexo de se saber como começou e quando simplesmente deixou de existir, o mais frágil e fugaz. Ele é frágil como as taças de cristal que ganharam no casamento, fugaz como aquele coelhinho que deixou vocês dois pra trás, entre risos e abraços, naquele hotel onde passaram a lua de mel. E não existe volta para esse amor, não existe solução para o fim. Ele (e vocês) podem ter superado obstáculos terríveis e depois acabar deixando um buraco no lugar, trazendo alívio ou não fazendo mais nenhuma diferença.
Os amores quando acabam, aquele amigo que sumiu ou aquele ex que você esqueceu, não fazem as alegrias vividas serem menores nem a importância daquela presença ser diminuida. Acabam como acaba a caixa de bombons. É chato, mas ainda lembramos do gosto bom. Guardamos um papel ou outro, dobradinho no fundo daquela gaveta pra acharmos enquanto procuramos aquele comprovante da faculdade, mas a caixa em si já está em algum lixão (ou deveria estar sendo reciclada), o gosto do bombom não está mais na língua. E ainda assim quando pegamos aquele papelzinho colorido e amassado abrimos um sorriso e suspiramos. Foi bom, afinal.

E sempre podemos comprar outra caixa e começar tudo de novo.

domingo, 30 de novembro de 2008

Enquanto isso, no Rio de Janeiro...

Abro meu jornal online.
Dou uma olhada geral, abro dois ou três links.
Uma matéria é a única que me faz sorrir, outra é a única que me revolta. Não me revoltou por ser pior do que os tantos crimes, mas por ser diferente deles. Esses crimes diários, nossos crimes diários. Aqui, na cidade maravilhosa, já nos habituamos, nos familiarizamos. Não é novidade aquele sequestro, outro assalto. Nem os acidentes de carros diários, mesmo em tempos de 'lei seca' que deve ter sido batizada por alguem que não conhece o Nordeste, ou os cariocas. Acidentes me fazem levantar da cama com o coração explodindo dentro do peito, imagens chocantes no noticiário enchem meus olhos de lágrimas. Sim, quase diariamente. Suportamos a violência, mas inutilmente tentamos nos adaptar a essa realidade ridícula. Apesar de tudo, apesar dos pesares, o carioca ainda sente alguma coisa, ainda se importa.
Cariocas e cariocas.
Cariocas que me provocam profunda admiração existem salpicados por aí. Alguns conhecidos, a maioria anônima.
Cariocas que me envergonham profundamente, que me fazem sentir um asco gigante pelas proporções que a ignorância humana pode alcançar. Para o bem deles, todos anônimos. Pois eu bem que poderia bater na porta deles e perguntar se, nem lá no fundo, não sentem vergonha do que fizeram. "Não, -eles me responderiam- não fizemos mal a ninguém! Não matamos, não roubamos...". Roubaram sim. Não roubaram um ipod nem a bolsa de uma velhinha, roubaram nossa cultura, roubaram beleza. Destruíram sem pensar duas vezes um marco na história da poesia, das letras. Não só do Rio de Janeiro, mas do país. Do mundo! E a troco de que? De levar um pedaço da haste dos óculos de Drummond? De mostrar pros amigos como troféu de alienação? Os amigos vão festejar, tirar fotos e depois colocar no orkut com a legenda "Aqui jaz meu espírito de cidadania! É com orgulho imenso que eu digo para vocês não terem dúvidas, provo que sou um completo imbecil!" e ter vários comentários de amigos invejosos querendo um pouco dos óculos também. Não por quererem um pouco de Drummond para si, 'Quem é Drummond?' 'Ele jogava em que time??' 'Ah não, ele era um daqueles cantores bregas dos anos 60.', poderia ser qualquer um o lesado, mas o nosso querido poeta sofre por estar sentado, despreocupado, curtindo um pouco da nossa princesinha do mar. Aberto a pixações e assombrosos ataques mensais. Não é esse o primeiro, não será esse o último. Enquanto a educação não vier em primeiro lugar muitos óculos serão perdidos, muitos jovens serão perdidos. E assim continua o país, ainda quase engatinhando, mesmo depois de tantas décadas de crescimento, tanta luta. Luta desses aí, do tipo de Drummond, que não jogavam futebol.
Mas, pra não dizer que não falei das flores, não muito longe da bela Copacabana, os cariocas estavam em festa na conchegante Lagoa do Rodrigo... Os olhos brilhavam com as luzes da nova árvore. Essa visão parece levar uma luz ao fim do túnel, uma explosão de fogos para que até quem não tem óculos possa ver que, um dia, vamos dar a volta por cima.
Apesar de tudo, apesar dos pesares, o Rio de Janeiro continua lindo e, como diria Drummond, as coisas muito mais que lindas ficarão.
Espero que não acordemos um dia e nem o poeta esteja mais lá.

"A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado

murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
"
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Palavras "apenas"

"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida."

O que a gente faz quando o problema parece não ser no desempenho e sim na competência?
Calma. Eu explico.
O que podemos fazer quando parecemos não conhecer as palavras, as expressões, a língua que falamos há 20 anos? Nossa língua mãe nos passa a perna e se mostra como alemão ou grego? Não.
Somos passados pra trás sim! Mas não é pela língua nem pelos nossos conhecimentos. Está tudo na cabeça, mas as emoções misturam tudo e cobrem de névoa os pensamentos que poderiam, quem dera!, estar tão claros.
O problema então não se resolve numa aula de linguística nem lendo o dicionário de trás pra frente. Assim como as palavras que o explicam, ele e as n soluções estão sempre em algum lugar dentro da nossa cabeça.
Como colocar pra fora?? Mesmo alguém que mexe com palavras às vezes se sente perdido... Queria eu poder escrever uma boa música e sorrir aliviada!
Me emprestem então todas as passagens de livros, todas as frases consagradas do cinema, todas as letras de músicas perfeitas.
Porque o bloco do eu sozinho não pode mais sair.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"Beware doll, you're bound to fall"

Outro dia me disseram que somos todos como bandas, nossos relacionamentos podem ser afinados ou não.
Ficou martelando na minha cabeça, é realmente algo interessante de se pensar...
Entre algumas pessoas o 'ritmo rola fácil' sempre, mesmo depois de anos, mesmo depois de brigas. Não é preciso ensaiar, a hora de parar e a hora de entrar está no feeling (huhu). Está tudo subentendido. Leve e entrosado.
Entre outras, por mais que se tente (como se ensaiássemos todos os dias), nada dá certo. A bateria fica enlouquecida, o baixo baixo demais (pegaram?). Enfim... uma música ali, outra lá, mas nada de genial.
As melhores músicas são as despreocupadas, entre amigos, tocadas ali, no violãozinho com um batuque qualquer. Afinação mesmo que desafinada.
Fazendo um paralelo forçado, com aquelas frases de porta de banheiro, poderia dizer que se a vida não tem rascunhos, não tem ensaios -você fez, tá feito e estamos no palco o tempo inteiro (encenando, claro), então as pessoas afinadas são as que queremos por perto e as que temos que ensaiar exaustivamente para conseguir uma música, até medíocre, colocamos mais ali pro lado. Meio que por 'selelção natural' até.
É isso aí.
É uma pena que eu seja desafinada.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Nuvens e Paris (ou As estrelas são sempre compartilhadas)


As nuvens parecem curtir a preguiça desse dia (em que o sol está aqui e parece não estar) ou então estão ali quase paradas observando pela janela o sofrimento que não podem sentir. O sofrimento por amor, o sofrimento pela saudade (que, vá lá, pode não ser palavra traduzível, mas com certeza não é por isso emoção menos sentida).
Talvez elas achem bonitas as lágrimas que, cansadas de rolarem dias e dias, descansam agora nos olhos meio fechados e parecem gotas de chuva de verão, fartas de caírem.
O sono, aquele sono dos dias abafados, do choro que secou sozinho, da saudade que aperta até quase sufocar, vence a espera e a mão deixa o celular esfriar na cama enquanto se aconchega no peito, no sonho feliz.
No sonho as mãos jogam beijos e a boca segreda, quase em susurros, declarações que as doces nuvens levarão para ele, junto com um pouco desse calor dos trópicos, com o sol interno que eles compartilham, com a promessa de retorno imediato. Se não imediato, o mais rápido possível. "Volte antes que ela atravesse a nado os perigos desse imenso oceano".
As nuvens vão ligeiras como em efeito de cinema e voltam com a certeza do amor e um pedido de encontro.
Quem vai ligeiro agora é o chão e os rios e o chão e o mar e ela levada pelas nuvens e o chão e o porto e o canal e Paris.
E Paris... E ele! Ah!, mon amour!... E eles de mãos dadas e a cidade em luzes e os biquinhos famosos e tão charmosos e as estrelas, compartilhadas tantas noites com lágrimas nos olhos -agora com beijinhos nas bochechas e no pescoço e nas mãos e na testa e na boca, e os cafés e a música e o amor.
O telefone traz o calor de volta e os olhos coçam pelas lágrimas secas. Não, ela não quer conhecer o trabalho dessa instituição, boa tarde!

Com um suspiro choroso confere o celular e procura as nuvens na janela. Elas não estão mais lá, já foram, já estão mais perto dele.
Sorriso e suspiro. Dessa vez de alegre esperança.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

No psiquiatra...

"Todos os gênios da história passaram longe do que chamamos de 'normalidade'"(...)
O que você quer? Ser feliz ou ter dinheiro?
Do que você quer se lembrar? De ter sorrido acabando com aquela dúvida que você sempre teve -naquela matéria que todos disseram para você não fazer, ou de passar suas melhores horas estudando com um café ao lado -aquela matéria que você fez por 'influência'?
Faça o que você considerar o melhor pra você, o que fizer você sorrir, o que deixar você de 'alma leve'.
Chute o balde, pinte seu quarto de vermelho, faça uma tatuagem na testa. Só você sabe o que é bom pra você.
Os pontinhos vão se ligar se você correr atrás de você. E tudo mais vai correr atrás também.
(...) "Só não podemos sair por aí matando os outros ou não sair por medo de que nos matem!".

[não é egocentrismo, é amor!]

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

por isso eu te liguei


Quando o abraço era mais apertado
Quando as ligações eram diárias -e demoradas
Quando a dor era compartilhada
Quando era a causa do riso, que causa? sem motivo..
Quando as grosserias soavam brincadeiras
Quando o assunto -bobo, deles- não precisava ser chamado
Quando as brigas não duravam um dia
Quando estava ao alcance das mãos
Quando a saudade apertava mais forte
Quando a cara amarrada não resistia ao riso fácil
Quando a presença se sentia todo o tempo
Quando os programas eram só deles
Quando não precisava chamar, era só aparecer -com um filme, uma pipoca, uma fofoca...

Ela era Beatriz, Julieta, Marília.
Ele era Dante, Romeu, Dirceu.
Quanto tempo faz?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Nossa vida era mais simples de viver!

[sem compromissos com a veracidade histórica]
Será que era assim, mais simples, pelo fato do Capeta ser ainda um moleque?
Sou do tempo em que bastava levar um real que se lanchava muito bem na "Cantina ->", do tempo que o Pingo d'ouro custava cinquenta centavos e a pipoca um real.
Sou do tempo que as crianças brincavam de Barbie e não beijavam na boca, do tempo que se cantava Chiquititas e Sandy, do tempo que não se sabia o que era funk e que "meninos?? blééhrg".
Sou do tempo que o Flamengo era campeão e o Fluminense jogava na segunda divisão. Do tempo que o Brasil era a melhor seleção do mundo, o Zico estava por aqui e o Japão estava mais ocupado com 'modernidades'.
Sou do tempo em que se colecionava papéis de carta e não scrap, se brincava de (vá lá, não vou dizer pipa nem bolinha de gude, ok, mas uma coisa melhor) jogar Mário e Sonic até os dedos doerem e não RPG's modernos e com altos gráficos que não acrescentam nada a sua saúde mental.
Sou do tempo em que só se dizia 'eu te amo' quando se amava e se realmente amasse o casório era certo.
Sou do tempo em que se arranjava tempo para ter tempo para ser feliz.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cooles ou O surto do adolescente para ter estilo e ser aceito por grupinhos idealizados

Repare, quando se tem 14 anos e o mundo parece errado, injusto, careta e encantadoramente enorme -pronto pra ser descoberto, se procura um estilo.
Um estilo para entrar em algum super-necessário grupinho, que é provavelmente abandonado lá pros 16, quando você se interessa por outro grupinho.
É o que dizem.. Você tem ou não.
E não é você quem o faz, ele que faz você. Cada mínimo pedacinho de você.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sobrevivendo a base de groselha

Alimentação de qualidade por um real?? Que idéia furaada! Quem vai pagar um real quando pode pagar SETENTA CENTAVOS?
Eu que não...
Eu prefiro comer abobrinha com groselha no emocionante Bandejão (sim, com maiúscula, por favor). Digo emocionante porque nada me parece uma descrição mais justa...
É uma experiência pela qual todos deveriam passar na vida.. O prazer da enorme fila cheia de jovens estranhos, entregar o papelzinho azul pro moço com um humor super bom, pegar o bandejão com cheiro de alcool e ver quase um quilo de arroz ser despejado artisticamente EM CIMA do feijão. Só acho que deveríamos ter direito a mais copinhos de groselha, ou a encher uma canequinha (levada de casa enrolada naquela toalhinha que tem o nome bordado) com o mágico líquido rosa.
De qualquer jeito, nada é perfeito... o Bandejão continua provocando fortes emoções e a UFF continua sendo rusticamente genial! =)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

eu estou bem! só tenho dificuldades em ser...

O que o tio Aurélio tem a dizer sobre isso é muito interessante! [Ser: 5.estar, ficar, tornar-se; 6.pertencer a, provir, proceder, ser próprio de; 9.ter existência real existir; 12.existência, realidade; 13.a natureza íntima de uma pessoa]
Reparem como o melhor fica pro final. E vamos por partes, como diria Jack...
Ser é existir - oh, tio Aurélio!, disso a gente já desconfiava!;
Ser é pertencer a, tornar-se, ser próprio de - é por aíí, estamos quase chegando;
Ser é a natureza íntima de uma pessoa - tá, chegamos! era aqui que o tio Shakes queria tocar e, não se sabe por quaais diabos, eu também.
Você é, você é de algum lugar. De lá, de cá, de longe, de perto. De alguma família, de alguma natureza, de algum signo. Você pertence a comunidades invisíveis (e agora a comunidades online).
Tá, você é isso e é aquilo e essa parte é fácil. Dados físicos, dados acadêmicos, dados profissionais, dados concretos.
Agora... e os emocionais? Como você é por dentro? Você quer ter esse trabalho todo de ser? Vale a pena ser? Vale a pena lutar contra a maré para ser alguma coisa pensante e ativa, é melhor deixar-se levar e ser um nada ou o melhor mesmo encontrar a felicidade no arrepio frio da navalha nos pulsos? Essa felicidade é real? Essa é a melhor solução? Existe uma felicidade válida depois desse ato desesperado? Você quer isso?
A dificuldade em ser é a única que consegue superar a dificuldade em querer. E elas andam quase sempre juntas.
O que você quer ser quando crescer? Podemos escolher o que queremos ser? Como escolher isso? Baseados em que? Com a finalidade de que?
O que você quer agindo assim? Você quer casar comigo? Você quer ter filhos?
Quer isso ou quer aquilo? É isso ou é aquilo?
Querer não é poder e viver não é ser.
Shakespeare não sabia o que dizer sobre isso. Tentou e tentou e fez (genialmente) a parte dele.
Clarice tentou com os insanos questinamentos de GH e chegou bem perto.
E é assim, pegando um pouco de cada gênio que eu vou construindo a minha idéia de ser.
Tudo isso enquanto sou, mesmo sem saber.

muito mais

A gente cresce pensando que 'a boa' de crescer é ter idade. Idade pra beber, idade pra fumar, idade pra entrar em boates, idade pra fazer tatuagem, idade pra entrar em filme para maiores de 16. Chegamos aos 16 e não tem graça nenhuma, ainda existem os filmes para 18 anos. Chegamos lá também e junto com as portas dos cinemas, milhões de portas se abrem também. E a responsabilidade aparece em forma de 'responder pelos seus atos'... Agora não é mais caso de diretoria e suspensão, amigo.
Ok, mas ainda existe o marco dos 21. Chegamos lá também! Mais rápido do que poderíamos soletrar maturidade (logo, quase nada dela ainda por aqui). Alcançar os 21 é o ponto supremo, a última parada. É acordar agora ou chutar o balde. Acabou a moleza, não dá mais pra empurrar com a barriga. Dos 21 pra cima é só trabalho, contas e outras coisas legais desse tipo. -Sim, sobra tempo pra um choppinho, mas pode se tornar bastante raro.
Mentira, tudo isso é mentira. A gente cresce e isso é genial. Entrar no cinema com 16 anos e dois dias é genial, fazer a sua primeira tatuagem com a identidade coçando na mão é genial, tomar o primeiro porre 'respondendo pelos seus atos' é genial.
A responsabilidade (leia também realidade) vem como um soco na boca do estômago, mas o amor (leia também ilusão) vem como um super-poderoso analgésico.
A balança está sempre se equilibrando, e isso é 'a boa' de se crescer.
A vida é muito mais que 'sexo, drogas e róquenrrôu' (não que não seja isso, nem que eu não recomende -ou que recomende, ok?), mas em descobrir cada coisa boa e colocar a mão na cabeça depois de cada vez que ela encontrar a parede é que está escondida a glória! (oi vó)

Mentiraa! Tudo falado aqui é uma incrível mentira, afinal como eu posso saber? Tenho apenas 12 anos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Nothing is real

Algumas pessoas são como as estrelas cadentes. Não são realmente estrelas, não ficam ali brilhando milhões de anos. Passam pela vida das pessoas com uma luz que, se não é própria das estrelas, vem do fogo do atrito, luz diferente, luz intensa e luz tensa.
As estrelas fixas são importantes e magníficas. Estão ali todas as noites, as boas e as ruins. Brilhando sempre, dispostas a nos fazerem felizes gratuitamente.
As estrelas cadentes são incrivelmente deslumbrantes [deslumbrar: turvar, cegar pelo brilho demasiado, causar assombro, fascinar ou seduzir], brilham pela vida inteira no pequeno tempo que estão presentes. Passam, mas não são esquecidas. Marcam, deixam alguma coisa rara e levam sempre com elas algo especial.
Não são estrelas melhores nem piores, são estrelas diferentes.
Assim são as pessoas, diferentes, diferentes em suas semelhanças, semelhantes em suas diferenças.
E ela era assim também. Ligeiramente egoísta, ligeiramente prepotente, ligeiramente desligada, ligeiramente preocupada, ligeiramente antipática, ligeiramente sensacional.
E não tinha noção de quanto era cadente, de como brilhava um brilho mágico, daqueles que doem de tão fugazes.
Por não ter noção, achava que tinha que ficar, que tinha que brilhar pra sempre, que tinha que ser uma estrela de verdade. Sofria tentando ser constante quando transpirava inconstância, sofria por não conseguir dar o que (supostamente) as pessoas esperavam dela.
Mas era, antes de cadente, uma estrela. Em toda a sua, encantadoramente estranha, beleza.
E as pessoas não se importavam com a cadência, pois amavam a estrela.

'Nothing is real
And nothing to get hung about'

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

como pregos em almas

o prego ainda está ali,
(ali onde costumava brilhar o quadro)

como uma cicatriz sofrida pelo fim.
(o fim do amor que, por ali, costumava transbordar)

Par Coeur


Os fantasmas são afastados. Os lamentos, que antes eram segredados ao pé do ouvido, agora são meros ecos de um passado dolorido.
Parecia que não ia parar de doer, os meses passaram corridos, se arrastando, mas não se sabe mais se doeu ou não, ou o quanto doeu. Não se sabe se esses meses foram dias ou anos. O inesperado novo vai, aos poucos, ocupando o lugar do exausto antigo. Vai secando as lágrimas com beijinhos, substituindo a melancolia por sorrisos espontâneos.
Mas não vem fácil assim, porque "o coração tem razões que a própria razão desconhece". A exaltação sofre com os receios. Os sorrisos, com as lembranças. E o amor espera quietinho pra ver o que acontece, espera quietinho a vez dele entrar de novo em cena e fazer os pés se afastarem do chão, espera quietinho que o quem sabe futuro acerte os ponteiros com o inesquecível passado (justiça seja feita, o passado não foi terrível como está pintado nas telas espalhadas pela casa).
Mas como a razão não existe aqui e temos todos problemas de memória, apostamos de novo todas as fichinhas e seja o que os deuses quiserem.

domingo, 28 de setembro de 2008

A maluca no espelho

A metade de mim que apostou que o espelho, LOGICAMENTE, estaria gelado e duro como de se esperar acabou de perder. Encostei em outra mão mais quente que o normal e controlei o susto para não soltá-la.
Agora ela olhava pra mim sorrindo, mas eu continuava assustada. Como poderia ser assim?? Ela tinha que ser um reflexo meu, até onde eu sabia, e eu realmente não estava sorrindo, nem nada parecido.
Tentei esboçar um sorriso, para acompanhá-la, e ela começou a rir. Aí resolvi soltar a minha mão, realmente chateada, mas ela continuou segurando firme e pulou pro meu lado.
Nessa hora eu quase chorei de desespero. Pulei pra dentro do box, fechei os olhos e deixei água gelada cair na cabeça, com roupa e tudo.
"É melhor você ligar a água quente, afinal você nem gosta de água gelada, pode pegar uma gripe e não vai me fazer sumir..."
Ok, liguei a água quente. Era melhor não discutir... e já estava tremendo de frio mesmo.
Sentei, ela já estava lá no outro canto. Enquanto eu ainda observava chocada, ela continuava a sorrir.
Uns minutos depois, ela respirou fundo e revirou os olhos. "Você é mais chata do que poderia supor! Dá pra falar alguma coisa?"
Eu me desculpei e disse que não sabia o que falar.. Mexi nos dedos e a encarei novamente. Resolvi puxar um assunto no melhor estilo msn.
"Uhm.. Muito previsível. Bom, melhor que nada. Meu nome? Você não faz nem idéia? Ana. Seu nome ao contrário, óbvio, já que você me vê sempre ao contrário. Não, o Beatriz não entra, só o primeiro nome. O seu tinha que ser Ana, né? Um nome palíndromo, um dos poucos. Extramente raro e extramente normal. Sabe o que isso significa? Ah, eu sei que você sabe, diz que não porque quer saber o que eu acho e não quer de maneira alguma que a palavra volte a você... Ok, deixa pra lá. Isso significa que você não tem contrário, não tem oposto. Entende? Na minha realidade todos são opostos dos que vivem aqui na sua realidade. Mas eu sou igual a você. As vezes é difícil pra mim e eu gostaria de ser o espelhum de outro, mas.. é bom pra você e eu até que me divirto..."
Ela disse que era bom pra mim porque eu vivia em eterna briga interna justamente por não ter nenhum outro ponto de vista. Mas não é isso que é bom, claro, bom é o fato de ser mais difícil se contradizer e mais fácil agir de forma homogênea, uma perfeição simétrica interior. É, eu também não sei daonde ela tirou isso e ri nessa hora. Ela não deixou de reparar e quando abriu a boca eu engatei uma pergunta... Ela realmente havia dito outro universo??
"Sim, e é isso que te dá tanto problema. Essa sua inconstância. Suas incertezas sempre certas também. Ah, e esse seu maldito gênio. É sério, você não devia rir. Isso é tudo culpa dos universos paralelos que você escolheu. Sim, eu vou te explicar, fecha a boca. As pessoas normalmente escolhem uns 3 universos, que é pra vida não ficar muito complicada. Esse meu universo, é o principal, é o único que vocês não escolhem e o único que sabe da existência dos outros. Você escolheu outros OITO universos, porque não conseguiu abrir mão de nenhum entre eles. Você quase enlouquece e eu morro de rir assistindo tudo. Desculpa, mas é engraçado. Porque eu vejo e eu escuto você! Sim, seus pensamentos. Sério, você tem cada pensamento.. É uma pena que eu não possa contar pra ninguém.. É uma lei, sabe? E podemos tentar, mas não sai... Ah tá, acho que posso te dizer sim. Até porque as leis aqui são diferentes e eu já tô fora do espelho mesmo, o que é mais difícil. Aliás, sabe como foi que você conseguiu me arrancar de lá? Claro que não. Você simplesmente não estava pensando em nada, estava totalmente concentrada em você e só você, o que me deixou uma porta aberta pra te alcançar. Interessante, né? Muitos de nós conseguem o tempo todo, mas você pensa em tantas coisas ao mesmo tempo que eu nunca consegui. Aproveitei a oportunidade, eu poderia não ter vindo, sabe? Mas você me parecia muito interessante. Engraçado, aqui quando não consigo mais ler seus pensamentos você é ainda mais interessante. Verdade! Posso te perguntar umas coisas antes de te contar sobre os seus universos paralelos? Ah, que ótimo!" ...
Hu, perguntar sobre mim quando sabe da existência de universos paralelos? Ok, vamos lá, respondo o que você quiser, mas garanto que não vai ser como descobrir universos...!
"Auto-estima, menina! Você precisa disso, sabe? Você tem isso num universo, mas fica pra depois. Por que você gosta de se olhar quando chora, ou depois de chorar? ...Sério???? Haha, que coisa! Não esperava por essa...! É chato pra mim, sabe? Eu tenho que chorar também... É, eu tenho que fazer o que você faz quando está visível num espelho. Mas isso não incomoda, a gente sabe que é assim e ponto. Funciona também com fotos. Cada foto prende a gente um pouquinho... Você não sabe a felicidade quando vocês não gostam e rasgam a foto, ou deletam agora, e mais ainda quando terminam namoros e aí destroem vááárias fotos de uma vez. Não, eu especialmente gosto de fotos."...
E me perguntou mais algumas coisas bobas como sentimentos e doces. E quis saber como era não ler o pensamento de ninguém. E como era cair. E o que levava alguém a quebrar espelhos. E coisas assim. E eu respondendo rápida e desinteressadamente, pensando em universos e na conta de gás desse mês.
Me contou então sobre meus universos. Oito, tirando o dela, que era obrigatório. Me contou como eles funcionavam e como eu agia e vivia em cada um deles.
O universo onde se escolhia quem se ia amar, o universo onde se voltava no tempo pra tomar um caminho diferente, o universo em que não se podia voltar, mas se podia ver todas as possibilidades e todo o desenrolar de cada possibilidade de escolha, o universo aonde ninguém nunca se sentia mal, ninguém nunca se sentia pra baixo. Todos se achavam melhores. Logo, ninguém gostava de ninguém, ninguém falava com ninguém, ninguém importava pra ninguém. Insupotável esse universo!
"...não escolheu, foi meio que um castigo por escolher tantos..."
O universo em que o poder do pensamento era inegável. Você pensava e acontecia, pensava e acontecia. Esse é bem bacana, mas deixa tudo fácil demais.
Tem também o universo que a minha mãe escolheu por mim... O universo aonde só existe a Beatriz, o universo do 'segundo nome'. E ela disse que a Ana me fazia uma falta interior enorme...
E outros universos.. Que prefiro não comentar, sabe?
Mas de todos os universos e de cada coisa que ela contou, eu preferi o meu. O que eu vivo com tudo que eu inventei.
Eu perguntei pra ela o que ela achava de mim, lendo meus pensamentos. O que ela lia em mim, o que ela escreveria sobre mim. Ela disse que lá no universo dela ela realmente tem que escrever sobre. Quando souber que eu vou morrer tem que estar com o livro quase pronto. A ser lançado no dia da minha morte. Se ficar bom acaba cinema e pizza e ela vive uma vida sem mim e eu vivo pelas histórias dela. Se ficar ruim, ela morre também e eu morro outra vez.
Falando isso ela foi se tornando menos nítida até desaparecer. Eu fechei os olhos, triste de ter que vê-la ir sem poder fazer nada, a não ser observa-la outra vez pelos espelhos.
Ana se foi sem me explicar quem eu sou vista por alguém que é eu mesma e é alguém de fora.
Perdi essa oportunidade, mas ganhei uma nova amiga.

E, quem sabe, juntando todas essas minhas linhas rabiscadas não se descubra...?!

sábado, 27 de setembro de 2008

P, M, G

Nos menores frascos estão os melhores perfumes e nas menores caixas os maiores segredos?
Eu não sei que lei é essa, mas faço questão de não seguir. Não por ser uma adolescentezinha alienada que ache legal fazer tudo 'diferente' (o que acaba sendo sempre igual). Não, essa fase passou muito rápido, eu mal senti e não tive tempo de ver.
Não sigo essa lei por não conseguir conter nada em pequenos espaços. Minha mala é sempre enorme, meu estojo exagerado. Minhas caixas ocupam metade do meu quarto e meus segredos não cabem em lugar nenhum. Por isso os espalho por aí. Não gosto de guardá-los só pra mim, é pesado demais e eu sou preguiçosa demais.
Não consigo pegar pequenas porções de sentimentos. Não consigo não beber tudo de uma vez.
Todas as vezes que como melado, me lambuzo. E aí outra lei quebrada.
Todas as vezes são "primeira vez", todos os amores são arrebatadores, todas as dores mortais, todas as decepções traumáticas e todas as tendências suicidas.
Tudo é demais. O pior tamanho é o M, a pior temperatura é a morna. A lei que eu mais gosto é a do "8 ou 80", mas como 8 não é um número que eu goste muito, acabo ficando sempre pro lado G da coisa. A água fria faz bem, acorda, mas a gente se diverte quando está fervendo.
Pegou mal? Não importa. Lave sua mente quando for escovar os dentes essa noite.
Não se reprima, não oprima, não se arrependa.
Beba em grandes goles, mesmo que se engasgue vez ou outra.
Peque pelo excesso e não pela pequenice.
Sem miserinha a partir de hoje, ok?
Estamos combinados.

Borboletas

Milhares de borboletas borboleteiam no meu estômago enquanto eu escrevo mal e porcamente sobre elas.
Elas já moram lá, aqui, por prazer. Não vão embora porque eu as alimento. Com lamentos, com angústias, com medos fantasiados, com devaneios desmedidos e com alcool.
Elas adoram, fazem a festa, me deixam a beira de um ataque de nervos. Se vingam, alucinadas, pelos banhos de água fria que levam de vez em quando, quando eu ponho pra dentro algumas coisas melhores do que angústias e, de quebra, um suquinho de mamão.
Borboletinhas vis que não honram a boa reputação da espécie.
Borboletinhas que eu não consigo expulsar, que eu não consigo matar por falta de alimento.
Borboletinhas que mantém sã a minha maluquez e alucinada a minha lucidez.

Podiam ao menos me dar um pouco do chocolate.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

QUASE sem querer


Quase sem querer...
a gente perde toda a beleza de uma casa de João de Barro na árvore em cima da nossa cabeça;
os momentos passam como se fossem mais um, sem serem merecidamente nomeados especias;
olhamos pro lado e algumas das pessoas que esperávamos ver ali não estão mais, por falha nossa;
perdemos a mágica contida numa gargalhada espontânea.

Como sem querer é chato demais, não seja mais um sem querer.
Intensidade!, essa é a palavra do dia.

domingo, 21 de setembro de 2008

A satisfação que os Stones procuravam

Quer saber como encontrar? Ahá, essa dica vale dois bilhões de euros, hein?
Qualquer um alcança... É só pegar o ônibus certo! Sim, ônibus!!, nada de trem pras estrelas hoje, a satisfação está bem mais perto! Ah, você pode chegar de metrô também, mas vai andar um pouquinho...

A satisfação atende pelo nome de Laranjeiras.
A rua das Laranjeiras com seu trânsito infernal!
A rua das Laranjeiras com milhões de crianças saindo dos mais diferentes colégios.
As ruas de Laranjeiras com suas árvores acolhedoras, suas sombrinhas que pedem devaneios românticos e utópicos, devaneios de uma velhice boa como é bom o agora, uma velhice ali, em Laranjeiras, como os velhinhos que levam tranquilamente seus cachorrinhos pra emporcalhar as deliciosas ruas do meu delicioso bairro.
Sim, meu bairro. Primeiro lugar que eu vi do mundo. Primeiro ar que eu senti entrando nos meus pequeninos, e então virgens, pulmões.
Talvez por isso o ar que venta por Laranjeiras me pareça diferente. Menos poluído, menos pesado. Sempre fresquinho, sempre renovador. Novo e cheio de lembranças doces.
Pela manhã a brisa geladinha deixa tudo com uma aparência de filme romântico, daqueles que o casal se ama loucamente e alguém morre no final. O cheirinho de pão fresco, as crianças indo pro colégio, os velhinhos -com seus perfumes exagerados e seus cachorrinhos porcalhões- caminhando, o bar da esquina abrindo e já fritando um monte de porcarias gostosas. O cheiro das flores, o cheiro da vida que acorda mais um dia, alegre, nas Laranjeiras.
Na hora do almoço tudo é incrivelmente caótico como um filme do Stallone, com um trânsito pior que o paulista e um solzinho fugido de Copacabana para esquentar um pouquinho o pedacinho mais encantador do Rio de Janeiro. No princípio era o Kaos, como diria a professora de grego, e fica um caos até que a tarde caia como um véu de blues sobre nós.
Junto com o fim das crianças, dos velhinhos e do caos, Laranjeiras volta a ser dos apaixonados e apaixontes jovens (sim, pra se morar em Laranjeiras tem que ser apaixonado, por qualquer coisa, pelas laranjeiras que já não existem).
Parece uma daquelas comédias românticas, mas com um toque de filme 'cult'. Os bares vão abrindo enquanto o céu vai escurecendo. Quando se vê já não há espaço nas calçadas e uma multidão de caras sorridentes está sentada em cadeiras de plástico, reunida em mesas de plástico, com muitas garrafas em cima. Alguns casais ou apaixonados sozinhos passeiam com seus cachorros, que emporcalham mais um pouco, ou alugam um filminho pra mais tarde. Outros voltam da academia, tranquilos, pensando, na calma de se chegar em casa ou na pressa de se arrumar pra sair mais tarde.
Entrando na noite os amores vão esquentando, alguns vão pra casa cedo, outros acabam cedo. Mas sempre se encontram amores e amigos, nove da manhã ou quatro da matina.
Essa é uma das belezas das Laranjeiras. Você sempre encontra, mesmo que não esteja procurando.
E eu sempre direi que meu bairro é o bairro das Laranjeiras, o único que satisfeito sorri quando me vê e que eu respiro completamente feliz com o sorriso, impossível de conter, brilhando no rosto.
O bairro que eu sinto falta todos os dias, os amigos que eu sinto falta todos os dias. Cada pedacinho de cada ruazinha tem um significado. Até mesmo a sede do Fluminense me traz boas lembranças.
É por isso que eu digo com todas as letras e contra uma multidão: "O meu Rio de Janeiro são as árvores e sombras de Laranjeiras, não as ondas e sol de Copacabana!"
Aí está a minha satisfação! Andar até as Lojas Americanas, ver o Hospital de Cardiologia, o Instituto de Surdos e Mudos. Andar mais um pouquinho e comer uma esfirra. Tomar um suco com amigos numa lanchonete bacaninha ou comer pastel de manhã, numa feirinha lá em cima, na adorável General Glicério. Olhar vários minutos seguidos o saudoso Colégio da Providência que parece ainda guardar um pedaço de mim, o meu pedaço mais caro. Comer pizza ou sentar num boteco e jogar conversa fora. Reencontrar amigos e amores.
Respirar e sorrir como em nenhum outro lugar.

(O trem pras estrelas ainda vai para lugares ótimos, mas nada que se compare ao meu precioso laranjal)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A falta de sentido é entediante

Tédio.
Aula.
Almoçodedomingonacasadatiaavó.
Trabalho.
Fichamento.
Trânsito.
Fila.
Msn.
Ralacionamentos.
Amor.
Insônia.
Amizade.
MSN.
DomingãodoFaustão.
Espera.

E por aí vamos.

"Para ser capaz de se entediar, o sujeito deve ser capaz de se perceber como um indivíduo apto a se inserir em vários contextos de significado, e esse sujeito reclama significado do mundo e de si mesmo. Sem tal demanda não haveria tédio". (Lars Svendsen, Filosofia do Tédio).
O que fazer então quando não é mais sextafracassadanomsn porque já é sábadotediosonomsn e você já escreveu 4 textos medíocres, já falou mais do que devia com as pessoas que normalmente você falaria, já deu uma olhada na páginaderelacionamentos alheia, já olhou fotos antigas, já tomou água de coco, já adicionou alguns livros na lista "tenho que comprar", já até leu seu textoprafichamento sobre Marxismo(!)? O que fazer? Apelar? Jamais! É nessa hora que o homem chora (haha, irresistível)... É nessa hora que a pessoa se vê obrigada a fugir em devaneios idiotas. Alguns amigos adoráveis continuam puxando assunto e sendo legais, isso é bom, mas os devaneios são mais interessantes nesse momento.
Devaneios esses como: o que é tédio? haveria escapatória? existe vida depois do tédio? alguma coisa não é tédio?
Sim, existe cura. E não, não existe saída. Se é que me faço entender. O tédio está sempre ali, esperando a deixa pra te agarrar. Mas você pode chutar seu, uh... digamos, saco e arrumar uma coisa pra fazer até ele se recuperar e conseguir te agarrar de novo.

[Pausa para perguntas de ordem prática... quanto tempo eu consigo olhar pra tela do computador antes de piscar ou das olheiras arderem? qual o máximo de tempo que se pode ficar sem responder uma janela piscante sem que o interlocutor -sente o drama da faculdade- fique nervoso? e depois de quanto tempo a janela magicamente pára de piscar sem aviso nem explicação? o nome de quatro importantes nomes da Bossa Nova que estão em um show em DVD que está em promoção nas LojasAmericanas? se eu deitar na cama agora eu durmo? e finalmente.. a pergunta para qual a resposta é 42? ok, voltando]

Poderia dizer que o tédio é uma "doença dos 'intelectuais'" (ou pseudo), como as "doenças de rico"? Sim, já que os chamados, os 'preconceituados', intelectuais pensam demais sobre os contextos que estão inseridos, o motivo disso e a importância para o mundo e para si mesmo. Já que sempre se acham (ou nos achamos?, nós os pseudo) muito importantes e inteligentes.
Pronto, me incluí na classe. Provavelmente incluirei você também. Afinal, somos todos pseudérrimointelectuais. Os que se dizem intelectuais, não são nada, são metidos. Só não são mais metidos do que nós, os pseudo.
Nós nos achamos o máximo. Porque dizemos que não somos intelectuais, mas gostamos que achem que sim (até quando mexem nos pontos negativos da espécie).
Nós escrevemos em blogs, nós vangloriamos os devaneios criativos.
Somos tão metidos que temos coragem de publicar uma porcaria escrita as duas da manhã num estado de espírito amortecido pelo tédio e pesado pelas olheiras.

Na terapia...

...é, por isso eu não sei mais o que fazer! tudo que eu escrevo vira auto-ajuda, porque tudo que eu penso é auto-ajuda? será que eu preciso me ajudar? porque estou aqui pra você me ajudar... não, não é isso, é diferente.. sim, é um pouco disso... haha se eu vendesse mais que o Paulo Coelho não me preocuparia com a opinião dos outros e acharia auto-ajuda o máximo... juro mesmo, não tenho problemas com isso... ah, isso é diferente, com isso eu tenho muitos problemas... é, por cima da carne seca! não, não acho que tenha ligação não! nããão, eu não quero falar sobre isso... ah, legal... é, é legal... não, pessoas estranhas, normal... me anima sim, tanto que vou todos os dias... ah, ontem vi aquele filme que você falou e achei uma porcaria! não, eu estou muito bem com isso, o filme que é ruim... tá, você insiste em bater nessa tecla, então vamos lá.. insiste sim! resolvi isso há muuuito tempo, por sinal... então tá bom... é? po, acho que tá na minha hora, até semana que vem! não, você não me chateou, está na minha hora mesmo...

Freiras e putas...

Freira ou puta, freira ou puta, freiraouputa, freirouputa, freroputafreroputa? Faça já a sua escolha!
Em cima do muro não dá pra ficar, escolha ser freira e casar apenas com Jesus ou escolha ser puta e casar com todos os outros homens.
Ah, colocando assim não parece justo. Mas não vou mudar, não estou com vontade.
Alguns gostam de separar pra julgar e debaixo dos panos (ou das batinas) se aproveitar da mistura.
Mas como essa discussão não vai me levar a nada a essa hora da madrugada e o objetivo era apenas citar Gregório...
'Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas'

Faculês

A faculdade é um colégio melhorado, eu diria. Assim como nós somos pessoas aprimoradas na faculdade.
Na faculdade você estuda com pessoas de idades completamente diferentes, que tiveram uma vida completamente diferente da sua. No colégio é todo mundo (basicamente) da mesma idade e as vidas são minimamente parecidas.
Por isso dizem que é a melhor época da sua vida, porque te dão uma segunda chance. Você pode (e deve) jogar todos os seus conceitos pro alto e recomeçar. Recomeçar a aprender, recomeçar a se conhecer, a se situar no mundo, um mundo mais real, um mundo mais mundo. O mundo que estava esperando por você. O mundo que você vai descobrindo magicamente cada dia e adora isso.
Não é pela, digamos, putaria que não se deve namorar alguém nos primeiros tempos de faculdade, é porque você está namorando você mesmo. E se você está se namorando e se descobrindo e adoraando isso, não é justo ter que dividir a sua preciosa atenção com um outro alguém egoísta.
Você é só seu e de todos ao mesmo tempo. Todas as sensações são suas e você é parte de todas as sensações.
Você lê, ouve, fala, discute, aprende e conhece mais pessoas do que em todo o resto da sua vida.
O mundo é enorme, está esperando você descobrir cada palmo e é pequeninho, cabe na palma da sua mão.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sobre abelhas e mel...

Pinóquia não sabia que não era uma menina de verdade. Ela se achava dentro dos padrões de normalidade para meninas de verdade e nunca ninguém tinha dito nada oposto. Não na sua frente.
Até que um belo dia (reparem, sempre são belos dias) ela conheceu um menino. Gostou desse menino. E ele lhe disse que ela era uma abelha. Ela não entendeu. Perguntou como assim abelha, perguntou se era bom ou ruim. Ele respondeu da maneira mais simples, não era bom nem ruim, era só abelha. Ela ficou confusa, mas então ele disse que era legal ser abelha, era diferente e ele gostava dela assim.
Pinóquia então assumiu sua condição de abelha e desfilava suas, recém-descobertas, asas com muito orgulho. E tudo ia muito bem. Até o dia que Pinóquia resolveu voar.
Conseguiu voar, porque era uma abelhinha muito esperta, mas por um tempinho muito curto. Foi muito alto, muito mais alto do que devia, e terminou em um tombão. Pinóquia se machucou muito, mas não quebrou nada. E quando as cicatrizes fecharam ela percebeu que valeu a pena ter voado. Foi uma experiência incrível e deliciosa em cada segundo.
Depois disso não havia mais como negar que a menina abelha era uma menina abelha. E nem ela queria isso! Se sentia muito bem com a sua parte abelha.
E, afinal, nunca quis mesmo ser uma menina de verdade, uma menina normal.


Pinóquia vive hoje muito feliz consigo mesma e tem planos de voar outra vez.
E o que nos une, desde sempre e para sempre, é o mel.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Adeus.

Pela última vez, te escrevo as últimas linhas.
Esse é o último e-mail que escrevo na minha sala, acabei de pedir demissão. Perderei assim esse endereço, que será cancelado tão logo o responsável pela informática chegar amanhã e encontrar o meu bilhete.
Vendi também nosso apartamento e sua metade será depositada amanhã pela Renata -moça que arrumei para cuidar desses meus últimos assuntos na cidade.
Sim, parto no primeiro vôo dessa madrugada. Já está tudo arrumado, me aguardando desde aquela conversa que tivemos no Bar do Zé.
Não é nada precipitado nem impensado. Não pense também quem é uma atitude infantil, não é. É apenas uma necessidade minha. Ir para longe, colocar a minha vida em ordem outra vez.
Fechei minhas contas, cancelei minhas assinaturas. Não adianta procurar, sinto muito, mas tem que ser assim.
Apenas alguns mais chegados sabem para onde estou indo. E nem mesmo eu sei se volto.
Levo agora comigo tudo de bom que vivemos e o amor que amadureceu. Depois já não sei se seria assim.
Um beijo, se cuida!

Obs.: Deixei umas caixas com umas coisas suas, na casa do zelador. Preso em alguma caixa está o cartão para você entrar em contato com a Renata, caso for necessário.

Com carinho,

terça-feira, 16 de setembro de 2008

um conto de fadas moderno

[Baseado em fatos reais, aconteceu com umamigodeumamigomeu!]

Era uma vez uma serelepe menina a quem vou chamar de Julieta.
Julieta era, aparentemente, uma menina como outra qualquer, mas o que Julieta gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não era nada que se esperasse de uma menina qualquer.
Julieta gostava de ouvir Sepultura enquanto bebia água com açúcar. Sim. Ah, e Julieta também gostava de beijar meninas pra não cair numa rotina.
Assim Julieta conheceu uma jovem senhora, uns bons 10 anos mais velha que ela, a quem vou chamar de Getúlia.
Getúlia era uma jovem senhora comum. Casada, emprego fixo, academia 3x na semana, salão às quartas, responsabilidades. Mas o que Getúlia gostava de fazer quando ninguém a via fazendo não alegraria nenhum pai de família, nem o mais liberal.
Getúlia gostava de paquerar meninas. Meninas no auge dos seus 16, 17 anos. Meninas de colégio. Meninas bem engraçadinhas. Meninas como Julieta.
Enquanto Julieta curtia essa aventura deslumbrante, ganhando presentes e indo a todos os lugares às custas do cartão de Getúlia, que era pago pelo maridocorno, Getúlia entrava numa espécie de fixação por Julieta e sua alegre juventude despreocupada.
Getúlia cercava tanto Julieta, buscava no colégio, ligava querendo saber aonde estava, com quem andava e até se já havia tomado banho e escovado os dentes naquele dia, que nossa temperamental Julieta se cansou.
Julieta recomeçou a sair por aí e numa dessas saídas foi apresentada a uma exótica menina, a quem vou chamar de Bernardette. Bernardette era uma menina normal, sob alguns pontos de vista, mas ao contrário de Julieta, Bernardette beijava meninos pra não cair numa rotina e somente quando não havia ninguéém olhando. Posta contra a parede, negava até a morte.
Julieta se interessou pelo estilo atraente da menina e resolveu ver no que dava. Passou a sair sempre com Bernardette. Se conheceram melhor e Julieta percebeu que Bernardette era exótica demais pra ela, mas havia alguma coisa que fazia com que ela sempre fosse aos encontros.
Até o dia em que a descompassada Getúlia, depois de ligar 17 vezes para o celular da Julieta e não obter resposta, esperou na porta do seu prédio, dentro do carro e tentou atropelar Bernardette, quando essa deixou Julieta em casa.
Julieta resolveu que então já era hora de acabar com isso e colocou uma pedra de mármore em cima de cada uma. Apenas uma expressão forte, Julieta nunca mataria ninguém.
E aí tudo mudou. Julieta conheceu um carinha que fez seu coração bater mais forte, a quem vou chamar de Augusto.
Augusto numa primeira olhada era um menino comum. Um pouco playboy, mas um playboy comum. Mas o que Augusto gostava de fazer quando ninguém o via fazendo não era nada normal, se tomarmos coisas esperadas de meninos playboys. Augusto gostava de ouvir Britney no banho e dançava todas as coreografias perfeitamente. Mas quando Julieta descobriu essa e outras peculiaridades de Augusto, já era tarde demais. A plantinha do amor já estava crescendo. Mas isso foi depois, muito depois.
Antes, aparece Getúlia outra vez.
Julieta como personagem de conto de fadas que é, atende um inesperado telefonema de Getúlia quando saía do cursinho de francês e aceita ir comer uma pizza e conversar, já que Getúlia estava com o carro parado na porta do cursinho e não lhe deixou muita escolha. Resolveu ir pelos seus pés pra não ir arrastada pelos cabelos, afinal gostava dos seus cabelos e havia feito escova ontem pra festinha de amanhã que ia com Augusto.
Na pizzaria Getúlia se transforma numa criatura compulsivamente chorona que Julieta não imaginava existir dentro de ninguém... Agarra as mãos de unhas recém-feitas da nossa Julieta e implora pra que elas voltem a se ver. Diz que por ela largaria tudo, mais que isso, já estava largando! Já tinha alugado um apartamento pra elas e estava esperando um bebê, que elas criariam juntas, com muito amor.
Pausa para a Julieta se recompôr do choque.
Julieta puxou suas mãos das de Getúlia e automaticamente se deu um abraço desesperado. Sentiu muito medo e queria que Augusto estivesse ali.
Respirou fundo pra juntar as (agora furtivas) forças e disse, tremendo, que sentia muito, mas aquilo não dava mais. Que ela resolvesse o problema do apartamento e se reconciliasse com o marido, para o bem dela e do bebê. Disse que sentia muito outra vez e, antes de sair, que ela não a procurasse mais, por favor.
Enquanto corria pra longe, Julieta se deu conta que corria na direção da casa do Augusto e temeu pela segurança do seu benzinho. Mudou então de direção, agora pra sua casa e, aos prantos no telefone, pediu que Augusto não viesse perto da casa dela aquele dia. Se encontrariam mais tarde na casa de uma amiga em comum e ela explicaria tudo.
Não explicou nada, na verdade. Disse que era TPM e já estava tudo bem. Não queria que Augusto, temendo qualquer coisa, a deixasse.
Um tempo depois, Julieta encontrou uma amiga da Getúlia que contou que a família toda tinha se mudado pro Acre, por causa do trabalho do maridocorno. Julieta finalmente respirou aliviada e sorriu ao vislumbrar seu magnífico futuro ao lado do seu quasepríncipencantado, Augusto.

Hoje em dia Julieta está muito bem com Augusto, ficando claro que 'bem' significa uma briginha aqui, uma discussão ali, alguns xingamentos e muitos momentos felizes.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E diz que a vida é feita de ilusões

A linha que separa a realidade é tênue?
Eu discordo! Não existe essa linha. Não me entenda mal, existe uma realidade, uma realidade para cada um de nós com um mínimo que a gente compartilha. Mas o ponto em que deixa de ser real é inexistente, tudo pode ser real pra qualquer um. A história quando você conta, deixa de ser real, já que passa pelos seus cortes e adições. E mais que isso, quando alguma coisa acontece já deixa de ser real, porque acontece pra você de forma diferente do que acontece pra quem estava lá.
As pessoas inventam problemas, inventam paixões, inventam alegrias e tristezas. Tudo para ser usado como muleta.
Quem nunca passou pela situação de relembrando um fato não saber mais o que realmente aconteceu e o que acrescentou?
A desilusão não existe, porque na verdade, só muda o tipo de ilusão. A gente deixa de achar algo maravilhoso e passa a achar péssimo. Ambas classificações ilusórias. Opositivas e ilusórias. A verdade estaria no meio disso, mas interpretar é ficcionar da sua maneira.
Não é errado se iludir e ninguém gosta de se desiludir, mas o que seria certo e o que seria errado? Também ilusão de bom e ruim.
Gostamos dos ilusionistas por isso, eles fazem parecer que a única ilusão é a forma mágica e não o cotidiano.
E por gostar dos ilusionistas, gostamos de nós mesmos, gostamos da ilusão porque ela amortece o impacto.
Doce ilusão...

domingo, 14 de setembro de 2008

Só pro meu prazer!

A satisfação de ver as cartas queimarem na lareira vai embora quando chegam os primeiros raios de melancólica embriaguez, na segunda taça daquele vinho que não foi aberto no último dia 12.
Com um pouco de dificuldade no manuseio do atiçador e uns dedos queimados numa ansiosa tentativa de resgate, conseguiu salvar uns pedaços das cartas e algumas paisagens das fotos rasgadas em tantas partes.
Se sentiu queimando junto com o papel, sofrendo junto com as distorções nas fotos. Não queria queimar as lembranças, muito menos o amor. Queria deixar tudo ali, pra sempre. Não sabia que essa escolha não existe. Algumas coisas se vão para outras poderem ficar.
Se colocou então na adorável tarefa de reconstruir aquele amor, pra guardar na memória como achasse melhor. Sem os defeitos, sem as brigas, quase sem a realidade e com toda a realidade possível. A realidade escolhida das ficções.
O seu maior amor deixou de ser algo vivido, nada palpável, pra se tornar a sua maior ficção de amor, totalmente palpável. E reconfortante, principalmente naquelas noites.
Nenhuma palavra dita depois disso, nenhuma cena armada, nenhuma foto de nenhum outro momento feliz. E toda uma vida realizada em delírios apaixonados e desesperados.
Apenas o prazer das delícias insinuadas nas suas fantasias reais ainda estão lá, depois de tanto tempo e tantas mentiras.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Machado pra vocês! ou Podem respirar aliviados uns minutos...

-Upa! Cá estamos. Custou-te, não, leitor amigo? É para que não acredites nas pessoas que vão ao Corcovado, e dizem que ali a impressão da altura é tal, que o homem fica sendo coisa nenhuma. Opinião pânica e falsa, falsa como Judas e outros diamantes. Não creias tu nisso, leitor amado. Nem Corcovados, nem Himalaias valem muita coisa ao pé da tua cabeça, que os mede. Cá estamos. Olha bem que é a cabeça do cônego. Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha, que ainda assim não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual...
-Sexual?
-Sim, minha senhora, sexual. As palavras têm sexo. Estou acabando a minha grande memória psico-léxico-lógica, em que exponho e demonstro esta descoberta. Palavra tem sexo.
-Mas, então, amam-se umas às outras?
-Amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo. Senhora minha, confesse que não entendeu nada.
-Confesso que não.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A beleza do Nós contra a cultura do Eu


O egocentrismo nasce com a gente e cresce com a gente.
Vivemos cercados de eu. Eu gosto disso, eu não gosto daquilo, eu quero tal coisa, eu não gosto de fulano.
Quando o eu se vê de frente com a realidade do nós leva um choque. Não é mais eu, somente eu, nada mais do que eu. Tem outro eu ali. Com a mesma carga egocentrica que o seu eu, mais ou menos, mas outros gostos, outra visão de eu. Um eu completamente novo, diferente do seu eu e mesmo assim tão parecido.
Nós. Uma realidade não tão confortável quanto a realidade do eu. Você tem que ser maleável e aceitar que não importa só o seu eu. Outros eu estão espalhados por aí e importam demais. Para eles e para você também.
Mas e se o nós for social? É um choque maior na cultura do eu. Eu desvio verbas mesmo, já que qualquer um no meu lugar faria o mesmo. Eu estou sendo beneficiado, o outro eu (ou váários outros eu) que está sofrendo, perdendo, morrendo que procure um jeito de se beneficiar também! É a "lei do mais esperto", na nossa sociedade de malandros. Deixar o eu e pensar no nós socialmente é mais difícil, é mais raro, talvez por ser menos doce e recompensador.
Mas vale a pena.
Você percebe que vale quando vê outros eu sorrindo pra você. Quando vê que as pequenas coisas que os pequenos eu podem fazer mudam demais o nós.
Quando o seu eu faz parte de um nós que não seja um nós social, um nós que seja um nós romântico, bate aquela responsabilidade de ter se metido na vida de uma outra pessoa, de causar sorrisos, de amar. O pequeno príncipe já dizia que você se torna responsável pelo que cativa, cativar é coisa séria. Séria como um nós. Esse nós é um nós muito procurado, um nós às vezes buscado sem resposta. Mas um nós adorável de se viver.
O nós, social ou romântico, é uma necessidade do eu. O eu que não aguenta mais ser só eu, uma criaturazinha perdida no meio de tantos nós.

Sexo, Paixão e Amor.

No melhor estilo 'Sexo, Drogas e Rock'n'Roll'...

Sexo é sexo mesmo. É aquilo que todo mundo sabe o que é, e como diz um professor, "se não fosse bom todos os animais estariam extintos!". Não posso fazer metáfora com isso.
Não, não é a droga do amor. Não espere isso de mim. Embora reclame e chore por aí, sou uma romântica ferrada. A paixão funciona como uma droga. É altamente alucinante, você se sente a pessoa mais feliz e capaz de fazer qualquer coisa! Até que o efeito passa.
O amor é o róquenrrôul, como não podia deixar de ser. Um rock baladinha, um rock que adoramos cantar, um rock que marca.
Nós precisamos dos três, precisamos conviver com eles e manter certa harmonia saudável entre eles. E todos nos mudam. A primeira paixão é sempre a mais terrível, nos pega sem vacina, sem aviso prévio e muda nossa visão de necessidade. O primeiro amor é mágico, e podem existir dois, um vem junto com a imagem da adolescência no horizonte (ou demora mais um pouco) e pode ser pelo amiguinho ou pelo professor de natação quarentão ou recém-formado, o outro vem depois, aquele que você come doces pedacinhos e recebe outros em troca, o primeiro vivido em dupla. Costuma ser o mais mágico e é melhor quando vem separado do pré-adolescente. Esse amor nos muda por dentro e por fora, muda nossa cor e muda o nosso mundo. O sexo mudo tudo que você não pensava mudar e tudo que você nem pensava poder existir. Só vivendo mesmo, os três.
Sexo não precisa de amor nem de paixão. É o elemento que se basta por si só. Sozinho, mas sempre acompanhado. Há sempre quem prefira com o tempero que a paixão coloca, eu há quem prefira a plenitude com o amor e há quem prefira ele de qualquer jeito, com tudo ou sem nada.
Paixão precisa de sexo. É assim mesmo, uma necessidade. Por ser fugaz a paixão (toda e qualquer) precisa de alimentos. Sexo, ciúmes, brigas, reconciliações, sexo, beijos e mais beijos. Mas uma hora ela se solta disso tudo e some no mundo. Ou deixa de ser carne e vira alma (aula sobre Drummond acaba nisso), e aí chegamos ao amor.
O amor é o que sobra da paixão, mas não é menos por isso. Sobra mas aumenta. Muda o tempo todo, se constrói, se alimenta e se aniquila. Simples assim e intricado como só. Pode tentar fugir e mudar, não dá.
Dos três é o que não se consegue explicar nem entender.
Se nem os poetas conseguiram, não serei eu nem você.


-Acho que as aulas de 'Teoria da Literatura' às segundas logo cedo estão me influenciando demais.

domingo, 7 de setembro de 2008

Aquele Cara!

Sabe aquele cara que vai estar sempre lá pra você?
Aquele que você vai ligar pra dizer que se machucou e chorar. Ou pra dizer que pegou o ônibus errado e "onde diabos eu estou??".
Aquele que te aguenta em qualquer tpm, aquele que ouve todos os seus problemas e resolve todos que estão ao alcance (e principalmente os que não estão), aquele que tenta entender quando você compra uma bolsa de 100 reais e não discute se você quer outro par de sapatos.
Aquele que levantará sempre no meio da noite por você. Quando você precisar ou não.
Aquele que não liga pras suas grosserias pós-briga e te chama sempre de princesa.
Aquele que vai ouvir você falar de outros homens. Com alegria e tristeza. Vai segurar seu cabelo enquanto você chorar no colo dele e vai te 'ajudar' a comprar presentes de Dia dos Namorados.
O único que você vai achar que é perfeito em todas as suas imperfeições.
Sempre foi assim e será sempre igual.
Papai!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Politicagem

Não gosto de textos políticos defendendo qualquer coisa que não sejam as suas idéias.
Não gosto de quem defende canditato A nem partido B em blogs pessoais. Não gosto.
Talvez seja por gostar muito de amor e coisas belas que essas sujas me pareçam quase ofensivas.
Não gosto de receber panfletos oito horas da manhã e não gosto que neles venha escrito algo como: "Os ricos pagarão a conta de tudo!!". Essas coisas devem ser evitadas, principalmente antes das quatorze horas.
Gosto de política, gosto de quem defende o que acredita, mas num país como o nosso chega a ser obsceno achar que os ricos vão pagar "a conta" e vamos chegar assim a uma igualdade, a uma vitória dos pobres. Sim, essa é a divisão, mas não sou eu que estou dizendo, pegue qualquer panfleto, ouça qualquer horário político! (mentira, não faça isso, sua sanidade mental agradece)
Um país como o nosso.. Não querendo soar depreciativo, apenas realista... Eu gosto de morar por aqui, acho que se não roubássemos tanto de nós mesmos seríamos até um novo país, bem-sucedido.
Mas é mais fácil ser hipócrita e falar em igualdade na hora do almoço durante umas semanas -do que abrir mão do seu carrão, da sua mansão, das jóias da sua esposa e suar a camisa.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

bomdiaflordodia


Muitobomdia,senhorsol!
Éparavocêqueabrohojemeumelhorsorriso.
Nãoàtoa,vocêmefezsorriraoaparecertãosemavisar,depoisdetantotempo!
Acheiquenãofossemaisseraconchegadanoseucalorzinho,nemterminhasbochechasrosadas.
Estavaenganada,vocêvoltoucomosenãotivesseido.
Comosetivéssemosbrigadoearaivafinalmentetivessepassado.
DeviaserTPM,não? DizemquetudoéTPM. OutalvezsuaLuaestivesseemMarte...
Nãoseienãoimporta. Vocêvoltooou!!
Nãoseváoutravez,nemtãocedonemportantotempo.
Estarvivaébomdenovo.
Obrigada.

Só para falar das rosas.

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada.
Eu poderia falar de tempo, de clichês, de amor, de medo, de amizade, de paixão, de pra sempre, de sempre acaba, de Drummond, de guerras, de fotos, das estrelas, do mar, do ser, do não ser, dos seus olhos.
Eu poderia falar sobre coisas que aconteceram comigo, coisas que acontecerão comigo, coisas que poderiam ter acontecido comigo, coisas que eu gostaria que acontecessem comigo, coisas que acontecem.
E só porque eu poderia falar sobre tudo isso que vou falar de rosas.
Já que as palavras certas me faltam para todos os assuntos e as erradas eu já repeti demais, falarei sobre rosas.
É por isso que vou falar de rosas, de como elas precisam dos seus fiéis espinhos junto de si, de como elas aceitam abrir mão deles para alegrar uma namorada.
Eu falo sobre as rosas porque elas são todos os assuntos juntos, são eu e são você. São vermelhas, amarelas e hoje até azuis.
As rosas exalam, as rosas colorem, as rosas encantam, as rosas emocionam. E ganham. Ganham o título de flor dos apaixonados, medalha de ouro como campeãs de vendas no dia dos namorados. Ganharam você, como num mar de vinho tinto.
É por isso que falo sobre rosas, apenas porque não poderia não falar sobre elas.
Falo de rosas porque as rosas não podem falar por elas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Curimba na Grécia antiga!

Falar que se faz macumba é muito feio, né? Macumba é uma palavra muito feia (macumba: 1.designação leiga dos cultos afro-brasileiros em geral 2.oferenda a Exum esp. nas encruzilhadas; despacho 3.feitiço ~macumbeiro), macumbeiro mais ainda. Então, lógico, que Paris, o homem mais bonito que vive em terra, jamais teria acrescido aqui "macumbeiro sim e com orgulho".
Para isso existem os mitos!
Vamos então ao mito da macumba do Paris (ou 'motivo' da guerra de Tróia)...
Estavam a fofocar no Olimpo: Afrodite, Atenas e Hera.
O assunto em pauta era a beleza das mesmas.
Eris, invejosa como só ela, joga no meio das três lindas deusas a maçã, pomo da discórdia (já que não tinha sido chamada pro chá com biscoitos) e as três deusas começam a discutir sobre qual delas seria a mais bela.
Decidiram que o justo e honesto seria convocar o "cara mais gato do tipo humano" pra resolver a questão -não, a escolha de Paris não foi justa nem honesta, afinal estava tratando com deusas. Deusas entupidas de defeitos e sentimentos como os humanos, tanto pro lado positivo quando pro negativo.
Para que a escolhida fosse ela, Hera ofereceu a Paris riquezas, poder e um reinado na Asia. Atenas tratou logo de oferecer, com toda a sua esperteza peculiar, sabedoria e supreendentes habilidades e vitórias em todas as batalhas. Afrodite, por sua vez, lhe prometeu o amor da mulher mais bela, sendo ele o homem mais belo era aceitável e até particularmente esperado.
Hera mexeu com a ganância, Atenas cutucou o orgulho, mas Afrodite acertou o alvo... o... o... coração?
Um bombom pra quem adivinhar a deusa que ganhou o voto de Paris!
Sim, Afrodite é a deusa da beleza e do amor, afinal.
E é aí que a uruca começa!
A mulher mais bela naquela época (quando essa que vos fala ainda não andava por aí...) era Helena, esposa querida de Menelau.
Menelau, pobre e bom homem, recebeu o bonitão do Paris na casa dele com a mais pura e verdadeira hospitalidade grega. Por conta disso, perdeu a linda esposa e toda a sua riqueza.
Pois bem, Paris não sabia que macumba não cria amor. Aliás, nem macumba nem nada! (A Paula anda procurando a fórmula do amor, mas se nem os gregos e seus deuses poderosos descobriram, não seremos nós, pobres cidadãos brasileiros... mas enfim, voltando pro papo lá de encruzilhada!...)
Paris pagou muito caro pela impensada macumbinha no estilo "trago a pessoa amada em 3 dias", porque Afrodite fez uma hipnose muito amadora (ah, Sigmund!) na Heleninha e ela não só nunca amou Paris, como sentiu falta do seu feinho, mas boa-gente, Menelau e Tróia foi destruída junto com as esperanças do recém-casado Paris (que ainda tinha que lutar com o fato de ser menos bonito do que o Aquiles-Pitt).

P.S.: Entenda macumba também em curimba, uruca e afins.
P.S.2: Cuidado com o que faz, porque se algum deus entender como ofensa, não vai ter hecatombe que te ajude, teu nome vai é pra boca do sapo!

sábado, 23 de agosto de 2008

Melão

Melancolia é a maneira romântica para "ficar triste".
O romântico não diz que está triste, nem muito menos entra em depressão, o romântico está melancólico.
Melancolia é uma tristeza saudável, eu poderia até dizer, pois é uma tristeza mesclada com saudade, com boas recordações. Quem está melancólico não se mata, escreve um poema, uma música (ou um post).
Você pode curtir a sua melancolia, mas jamais se curte uma tristeza. Tenho que discordar do Vinicius e dizer que a tristeza, assim como tudo, acaba sim. Mas não a melancolia, pois é parte do espírito do romântico.
Diria até mais, diria que a doce melancolia suspende seu estado por um período, para que você aproveite tudo o que tem pra aproveitar e volta no fim para que você coloque o cd do Cazuza pra rodar.
Ok, nós vivemos em tempos modernos, então você pode pegar o seu mp3 e curtir a sua melancolia da mesma forma. Só não vale ouvir NxZero, por favor, nem Jonas Brothers.
Não, pra curtir a melancolia tem que ser um clássico. Tem que dar aquela dorzinha boa, tem que rolar aquela saudade.
Fundamental é mesmo o amor e a melancolia, pois com eles que nascem os grandes feitos no nosso (pseudo, porém complexo) mundinho das letras e das artes.
Sim, já que pra se construir uma nova plataforma de petróleo você não precisa estar melancólico (e acho até melhor não estar mesmo).

Drummond pensaria em rosas, em Minas, no amor (e na falta de correspondência) e escreveria um poema que ficaria para a posteridade.
Eu vejo as janelinhas laranja que não páram de piscar, sem resposta, sinto a saudade e escrevo um post (não muito bom).
É, já não se faz mais melancólicos como antigamente.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Instantâneo

Sentou-se para descansar um momento, entre uma dança e outra. Estava especialmente requisitada essa noite, resultado de estar mais radiante e encantadora que qualquer noite antes e mais que qualquer outra jovem dama.
Ele viu nesse descanso a sua chance, a primeira chance da noite, para falar com ela. Não tirou os olhos da cansada, mas ainda assim eufórica, dama que agora se abanava com um leque de beiras douradas. Por essa concentração não atendeu quando chamado, deixando uma tia muito ressentida e perdendo a chance de conhecer a filha de um nobre, de uma das melhores famílias da Corte, o que muito se arrependerá depois que a sua ilusão começar a azedar. Essa dama em questão era muito mais prendada que a primeira, com um dote muito maior e uma beleza mais duradoura, por ser mais real e mais pura, mas ele não se importaria com nada disso (se tivesse ao menos ouvido o chamado da tia e posto os olhos na jovem), Béatrice era a mais exuberante entre todas e ele estava (tolamente) apaixonado.
Se apresentou, como Duque de Némours, e pediu a honra da próxima honra.
A Condessa de Catalnissetta já havia ouvido incontáveis elogios e rodopiado em mais diferente braços neste baile, mas nenhum tinha a voz nem os braços do jovem e encantador Duque.
Enquanto dançavam se sentia flutuar e diferente de como havia levemente subido durante a música, caiu como um tonelada toda a realidade em cima dela, e ambas no chão, ao ouvir a (agora) desastrosa voz do seu noivo.
Terminado um sonho como com um balde da água mais gelada da Corte. Ela se casaria dentro de algumas semanas com seu (sempre querido e devotado) Duque de Cavour e ele perdera a sua grande oportunidade de casar com uma formosa e nobre dama da Corte, casando pretensões e fortunas.
Caminhos diferentes continuam sendo traçados e um dia essa noite não passará de uma bela lembrança da juventude, até ser esquecida.

-Nada de grandes, inesquecíveis e sempre arrebatadores amores por hoje.

domingo, 10 de agosto de 2008

ressaca.

Ele estava agora tentando comparar as belas ondas quebrando na praia de Ipanema com as terríveis ondas que queriam quebrar a sua cabeça nessa tarde cinza.
Olhou pra cadeira improvisada de mesinha ao lado da cama em busca da foto da praia que sempre marcava o livro da vez. Não estava. Então deve ter sido no livro o chute que ele deu em alguma coisa que foi parar embaixo da cama antes que ele caísse, finalmente, na cama.
Não ia levantar pra pegar mais nada. Tinha acabado de levar o bendito balde para o chuveiro e tomado mais uns analgésicos.
A garrafa de água estava ao alcance da mão, mas a canja de galinha da sua mãe fazia bastante falta e a saudade apertou de novo.
Fechou o olho, respirou fundo e lembrou de agradecer mentalmente por estar chovendo forte (o barulho afastava as memórias e as cobranças pessoais) e por sua vizinha ter deixado a filha viciada em RBD viajar esse fim de semana.
Abraçado ao travesseiro torceu para que o dia não fosse daqueles longos. Teria até rezado, se não preferisse não ter que fazer isso.

sábado, 9 de agosto de 2008

Dica

Você deve apertar com seu mouse aquela barrinha ali e arrastá-la para baixo ou, se seu mouse for modernoso e prático, rodar a bolinha perto dos seus dedos e ver se embaixo desse texto novo existem outros que você também não leu.
É uma boa dica, não custa nada e quem ganha é você!
=)


(ou não, mas tudo bem.)

Some have gone and some remain...

Lembro perfeitamente daquela ponte que me levava ao meu lugar-preferido-no-mundo-todo. Quase a minha Teratíbia, o meu paraíso pessoal. Com chocolate quente, sopa de feijão, sol de dia e frio-congelante depois.
Lembro das minhas brincadeiras bobas de criança. De quando podíamos passar as tardes de todos os dias brincando de Barbie.
Adoro lembrar o frenesi de se virar uma noite falando besteiras.
A excitação boba que bebericar um licor nos dava.
Agora, em que beber e virar a noite são coisas tão corriqueiras e a excitação não é mais tão infantil, eu sinto falta de momentos como quando um certo carinha no auge dos meus 16 anos me ligou pra dar feliz aniversário e eu achei ser o aniversário mais feliz. É, já tive melhores sim.
Foi melhor ainda quando aquele outro cara me disse que me amava pela primeira vez. Eu não acreditei, a gente estava brigando, mas eu achei bem bonitinho. Essa deve ter sido a intenção, aliás. E também me lembro de quando percebi que realmente havia amor ali, a primeira e todas as outras vezes.
Também quando recebi aquela tensa ligação inesperada ou quando acordei e li um e-mail que me fez ganhar o dia.
Todas as vezes que chorei de felicidade e tristeza, todas as vezes que sorri para agradar e porque fui agradada, todas as vezes que ri (e rimos todos nós ou nós duas ou na frente do computador, sozinha) até a barriga doer e os olhos participarem da brincadeira.
Esses momentos rodam e rodam na minha cabeça. São bons momentos. É reconfortante lembrá-los, como na música, se estiver sozinho numa noite fria. Não sei, ainda não estive assim tão melancólica, não tenho a idade suficiente para esse tipo de melancolia.

Também estive olhando aquela foto que você disse que eu estou gata. Resolvi acreditar dessa vez.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

aquelequenãosedevenomear

Experimenta contar pra sua avó que a tia da vizinha do namorado da sua melhor amiga teve câncer.
Ela vai dar um gritinho, bater as mãos (ou levá-las à boca) e falar "Não fala isso que atrai a doença!!".
Se você perguntar delicadamente para o seu priminho o que diabos ele pensa que está fazendo com as mãos sujas no seu teclado, você será cortado pela mesma frase "Não fala esse nome que atrai!!".
Listando então... Não podemos falar nessas "doenças ruins", não podemos falar no setepele, não podemos falar na doce Sra. Morte... Pensando agora os pensamentos da vovó, não devemos também falar em desquite, nem pensar no caso daquela moça que teve bebê fora do casamento (tsc tsc tsc).
Mas será que só atrai coisa ruim?
Por que não podemos pensar numa carreira brilhante e receber um e-mail com uma maravilhosa proposta de emprego? Por que não podemos pensar bastante que o nosso livro-lançamento vai ser um suucessoo e ele ficar 68 semanas na lista dos 10+ (entre os 3 primeiros, no mínimo)?? Por que não podemos pensar que vamos casar, ter 4 filhos lindos-inteligentes-obedientes-ajuizados-etc e ser feliz pro resto da vida e um cara com esse intuito bater na nossa porta (pode ser lá pra 2030)???
Boas novas, a gente pode!!
É o que uma amiga sempre diz: "Pense e repense no que você deseja que, de uma forma ou outra, vai acontecer!"
OK, então.
Eu quero conhecer um cara romântico-rico-simpático-inteligente-bem-sucedido-charmoso-equesaibatocarviolãoemetragaumarosatodososdias e quero que esse cara se apaixone por mim. Também quero ter uma puta idéia que vai virar o romance de maior sucesso no Brasil desde Jorge Amado e vai ser mais traduzido que Paulo Coelho. Quero ter filhos lindos-inteligentes-obedientes-ajuizados-etc com o cara romântico-rico-simpático-inteligente-bem-sucedido-charmoso-equesaibatocarviolãoemetragaumarosatodososdias citado acima. Além disso quero ser uma das mulheres mais influentes da mídia brasileira até eu parar de trabalhar (aí eu quero virar a coroa-enxuta mais elegante da sociedade carioca -esse termo vai voltar a ser muito usado).
Se você já leu Harry Potter, sabe que ele é o único, além do Dumb, que chama o Voldemort na chincha. E para quem o Lord mais aparece? Harry!
Então, quem sabe a vovó não coloca mais essa na sua conta de vitórias?
Não, brincadeira, pode falar o que você quiser, eu garanto que não vai ser visitado a noite pelo Diabo. Até porque isso é tão provável quanto você sentar ao lado do Harry no trem para Hogwarts, mas enfim.
Repetir o Mantra-do-Futuro-Brilhante não custa nada!

domingo, 3 de agosto de 2008

Tenha modos, senhorita


Se fôssemos educadas como a vovó, não poderíamos sentar sem cruzarmos as pernas ou deixá-las juntinhas.
Não poderíamos nos dirigir a nenhum homem que não fosse da família sem um quilo de restrições.
E pra piorar, só poderíamos ler o que nosso pai achasse apropriado. Livros adequados a jovens senhoritas. Nada de blogs moderninhos para nós.
Regras, regras e regras.
A maioria machista, um outro tanto até que útil quando adaptada ao nosso mundo moderno aonde sentamos do jeito que 'der na telha' com as nossas confortáveis calças jeans e chamamos o garçom de amigo.
Adicionamos as regras-modernas-básicas de proteção ao meio ambiente como não jogar lixo no chão, não lavar a calçada com água, não lavar o seu glorioso carro com a mangueira ligada o tempo todo, etc etc etc...
E mantemos as regras básicas de manter uma certa reserva em ambientes públicos, sem falar alto demais nem sentar de maneira errada. Sim, modificando agora o fato de não falar alto demais não para não parecer vulgar (até porque hoje pra se parecer vulgar é preciso muito mais do que isso), mas para não incomodar a conversa do outro (ou pior, o filme do outro) e não se sentar com os pés apoiados na cadeira da frente ou chutar a cadeira da frente, o que é mil vezes pior. Sabe?, ninguém liga se você está sentando toda aberta e sua calcinha está aparecendo (a menos que você faça isso na frente da sua avó) ou se você tem um tique-nervoso-insuportável de manter suas pernas balançando. O problema é só seu! Mas se você está num cinema compartilhando o mesmo ambiente com 100 outras pessoas, ou no planeta com mais 7 bilhões, não custa nadinha você manter uma civilidade mínima necessária para a boa convivência. O seu espaço termina aonde começa o do outro, amigo. Essa é mais básica e importante regra.
Não emporcalhar por aí também é importante, não esqueça!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Bichos escrotos

Muita gente acha que o ornitorrinco é que é um bicho muito escroto.
O Nando e mais alguns acham que bichos escrotos mesmo são aqueles que saem dos esgotos.
Outras pessoas acham que o dromedário é um bicho pra lá de escroto.
Já ouvi também que gambás e pitbulls são bem escrotos.
Eu não concordo com nenhuma dessas pessoas, exceto com o Nando. Não aprecio em nada os bichos que saem dos esgotos, por mim eles poderiam continuar por lá. Mas esses não estão no topo da minha lista, estão logo abaixo dos mosquitos.
O mosquito, ele sim, é um bicho escrotérrimo! É só você apagar a luz e se aconchegar na cama que ele vem fazer zzzzzz no seu ouvido até te deixar bem puto. Aí você se levanta e acende a luz pensando: "Agora eu mato esse escroto!", mas você só irá vê-lo a partir da segunda vez que se levantar pra acender a luz. Começa então uma perseguição fatal, é você ou ele. Ele está lá, paradão na parede, aparentemente rindo de você com os cabelos despenteados e a olheira um pouco pronunciada. Você está com seu chinelo na mão, pronto para o golpe fatal. Pá! Você levanta o chinelo e... NADA! Você vê ele passando pertiinho do seu nariz, numa clara provocação desnecessária, e táp! Abre a mão e... NADA!
Então, por isso, por perturbar o sono dos justos, por essa incrível capacidade de sumir que enlouqece qualquer um e por nos deixar coçando e provocar alergias (e marcas, no mínimo, tristes) que esse bicho escrotão ganha o segundo lugar da minha lista!
Ahá!, você estava todo crente que era o mosquito o vencedor do meu toptop bichos escrotos, néé?
Mas agora que já está claro que ele fica com o segundo lugar, que comecem as apostas!
Não? Nenhuma?
Bom, então, não fique chateado, não é nada pessoal, mas para mim, o bicho master escroto é você!
O Bicho-Homem é o grande ganhador desse meu toptop! E nenhum outro é tãão merecedor! Feliz e infelizmente me incluo nesse prêmio e me dou a honra de agradecer por todos.
Um obrigada especial a todos que sempre acreditaram no nosso escroto potencial para destruição, corrupção e todas essas nossas atitudes estúpidas.
Queria também dizer, antes de finalizar, que esta competição não foi justa, já que nós somos animais racionais, então ganhamos vantagem em cima dos outros escrotos por podermos ler, escrever, matar por motivos não-naturais, destruir vários recursos naturais, roubar do mais fraco, magoar quem se ama, se beneficiar em cima do menos "esperto", fazer um rombo na camada de ozônio e usar o polegar-opositor. Mas obrigada mesmo assim, animaizinhos escrotos, sem vocês nós não seríamos nada.

Aliás, eu gosto muito de ornitorrincos e o quarto lugar da minha lista vai para o bicho-papão, que é escroto até dizer chega (seguido de perto pelo pitbull)!

Voe por todo o mar e volte aqui...


O vento é sempre o mesmo, mas nunca é igual. (Ou é sempre igual, mas nunca é o mesmo??)
Sabe aquele ventinho inconveniente que bagunçou seu cabelo ontem? É o mesmo vento que soprou o rumo do Brasil às caravelas e é também o mesmo que viu Napoleão perder a guerra (e as intimidades da Marilyn).
Sim, ele é o mesmo.
Digamos agora, que você seja a reencarnação da princesa Isabel. Você não reconheceria o vento. Para você, o vento que levantou a ponta da Lei Áurea não seria nunca o mesmo que bagunçou o seu cabelo.
Quando ele ventou lá, você segurou o papel mais forte e achou que ele cheirava levemente a suor, os escravos sentiram o gostinho da liberdade entre os dentes na boca sorridente e quase beberam o vento todo em grandes e inebriantes goladas.
Quando ele ventou cá, você juntou irritada e rapidamente as madeixas esvoaçantes e sentiu um quê de maresia nele. O cachorro que levava seu dono sonolento para passear o achou muito refrescante e sentiu um delicioso cheirinho de fêmea no cio. (Sim, é verdade... Tá, vai lá lavar o cabelo, eu espero...)
O ponto é... O vento sempre traz algo novo (mesmo que seja a primeira fumacinha que está com ele desde a Revolução Industrial) e sempre leva algo nosso para lugares onde provavelmente jamais pisaremos (pense nisso: uma lhama pode apreciar seu Channel enquanto degusta seu capim com orvalho), mas ele nunca deixa de ser o bom e velho vento.
Eu quero ser um pouco de vento, talvez seja um dos meus ideais de maturidade, conseguir levar um pouco de você e te dar um pouquinho de mim.

~
Eu sei, você está querendo mandar um recadinho pelo vento, mas é inútil, ele não vai mais reconhecer a sua amada quando topar com ela e todo o seu amor em poucas -e escolhidas palavras ficará vagando ao lado das juras de amor de um hippie ou topará com a pessoa errada (o que, convenhamos, pode ser muito pior).
E cuidado com as palavras que você joga ao vento, eu posso escutar (sem querer, claro).

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Raízes

Não sei no seu livro de matemática, mas no meu tinha, no começo de cada módulo, os Exercícios Resolvidos que a minha professora, muito capaz, repetia no quadro e fazia a gente ler em voz alta.
Não, nós não estávamos na terceira, nem na quarta série, nós estávamos no ensino médio, estudando (ou fingindo) pro vestibular.
O melhor dos citados exercícios não era o fato de que eles vinham resolvidos de maneira fácil apenas para os alunos mais brilhantes, ou o fato de que eram totalmente diferentes dos "Exercícios Propostos" (talvez para que alunos, como eu, não copiassem), ou o fato de ocuparem duas folhas.
Não, isso realmente não me incomodava (tirando o fato de não poder copiar para os exercícios propostos). O que me chamava a atenção era a maneira despreocupada que a expressão "Se, e somente se" frequentemente era usada.
Sim, os autores achavam legal escrever "se, e somente se". Não importava se era para o x que só seria positivo se, e somente se, o y fosse menor-ou-igual a três ou para a parábola que seria aberta se, e somente se, x fosse maior que dois e y fosse diferente de zero.
"Se, e somente se", essa porcaria me perseguia por todos os módulos do maldito livro rosa.
Acho até que a intenção era boa. Eles pensavam que assim estavam facilitando a nossa vida matemática. Mas, carambolas, desde quando o x só poder ser positivo "se, e somente se" o y for negativo facilita a vida de alguém? O x pode ser o que ele quiser, isso aqui é um país livre!!
A culpa d'eu ter desistido da engenharia e depois ter chutado o balde em cálculo e esquecido meus sonhos na Bolsa tem as suas raízes no "se, e somente se" do livro rosa, tenho certeza!
Se, e somente se, o livro não tivesse tantos exercícios resolvidos, tantos exercícios propostos diferentes dos resolvidos e taaantos "se, e somente se", eu poderia agora ser uma brilhante aluna de Economia, ter um grandioso futuro na Bolsa ou no Ministério da Fazenda com direito a cartões corporativos e contas na Suíça, carros importados e mansões em Miami.
Mas como eu tive que conviver com os "se, e somente se" e todos os exercícios assustadores do delicado livro rosa, eu agora estou aqui, batendo cabeça num blog falido e tentando ganhar algum dinheiro-futuro com educação e literatura num "país sem leitores".

Vambora

Vem, vambora!
A gente dá uma passada no Bob's, compra um milkshakecarente e depois vai espairecer caminhando na praia.
"Quem sabe isso passa, sendo eu tão inconstante?"
Vambora, é mesmo exagero (ou vaidade), mas você se comprometeu a ser meu amigo. Anda, vai, eu pago o seu milk shake.
As coisas vão acumulando na nossa vida e vão fechando as saídas, as expectativas caem por água e a gente se desilude.
Você quer de morango-desafiador ou ovomaltine-clichê?
Dois clichês, por favor.
É, eu sinto um pouco de saudade disso também.
Ah, obrigada.
Vem, vambora pra praia.
Não, não vou mentir, nem tudo aquilo que eu falei eu sou capaz.
É, eu sei, talvez eu faça mesmo isso. Passar um tempo longe da cidade é uma boa.
Fale de você, então, eu só fico aqui vomitando esse sentimentalismo barato.
Sempre, tá me ouvindo??, SEMPRE que você chamar meu nome!! Nem vem, eu sou ótima amiga...
Hahahahaha
É, podescrer!
Não, é sempre tão fácil conversar com você... É como um calmante.
Ah não, lá vem você com isso! Não quero falar sobre essas coisas. Já me basta conviver com tudo dele que ficou, não preciso colocar em palavras. Não hoje.
Eu sei que podia ter sido diferente, se eu tivesse feito escolhas diferentes.
Ainda boto fé, sim, de um dia tê-lo de novo ao meu lado.
Eu sei que fui eu quem quis assim...
Pode ser que seja tarde, mas eu não acho que nada tenha acabado.
Do meu lado, nada acabou...
Não, não tô te pressionando, nem nada assim, só tô sendo sincera... Você sabe que pra mim nada acabou.
O que me importa agora?
É, tá bom então...! Acho que não foi bem assim...
Ah, tantas vezes eu já chorei também! Sempre tenho muito mais tristezas pra chorar do que você!
Não, peraí, não quero brigar...
Tá, me desculpa.
Não, é sério, desculpa.
Você sabe que eu me importo com isso, com a nossa amizade, com você.
Desculpa, vai?
Vem da aqui um abraço. Esse tipo de besteira não vai mais sair pela minha boca.
Táá, eu prometo! Vou tentar não pensar assim também!
Sim, vou me esforçar!
Bom, vamos no cinema mais tarde? Tá passando aquele filme com o Gael.
Sim, você perde pra ele.
Hahahaha
Ok, seis e dez então, lá perto da pipoca.
Outro abraço?

CtrlC CtrlV em iaad.blogspot.com

O livro de Jó é, de longe, o melhor livro que li até agora na Bíblia. Eu sei que o que importa de verdade no livro é a demonstração de fé de Jó, mas como eu não me importo muito com o que importa de verdade, fico cismando com a desnecessidade de tudo aquilo. O Diabo, como sempre, é uma figura irresistível. Deve ser o personagem mais interessante que o homem já inventou, talvez depois apenas do velho príncipe Bolkonsky em Guerra e Paz, e com certeza o único com senso de humor na Bíblia. Acho engraçadíssima a seriedade quadradona de Deus e sua pequena dificuldade em entender as piadas do Diabo e tal. Jó, por exemplo, era ultra-fiel a Deus e todo mundo sabia disto. Deus sabia. O Diabo sabia. E o Diabo só fez uma piadinha inofensiva sobre isto, que perto das minhas piadas iria parecer alguém tentando ser engraçado no GNT. Ele diz algo do tipo "Jó é fiel, mas bate nele com uma ovelha pra Você ver". E Deus leva excessivamente a sério, não percebendo o tom irônico do Diabo. É então que manda dar umas porradas no Jó só pra ver qual que é a do coitado. Sem brincadeira, dá vontade de sacudí-Lo gritando "Era uma piada, porra! Uma piada, you bloody freak!"

Depois que matam toda a família do Jó e destroem tudo que ele tem só pra Deus ver qual que é a parada, tudo é devolvido em dobro ao Jó e, ao que parece, geral fica feliz com esta solução - não me ficou claro se Deus duplica os parentes também, mas imagino que nem Ele seria capaz da crueldade suprema de duplicar uma sogra, acho. E, bom, geral fica feliz porque o Diabo ainda não tinha inventado os danos morais. Um bom advogado - outra invenção muito curiosa do Diabo - e Deus perderia todo o universo nessa brincadeira. Precisava mesmo?

De qualquer forma, o livro de Jó rendeu pelo menos a melhor cantada já feita no cinema de toda a história, em Manhattan, de Woody Allen, que ele diz à Mariel Hemingway que ela é a resposta de Deus para Jó:

- You're God's answer to Job. You would have ended all argument between them. He'd have said "I do a lot of terrible things but I can also make one of these." And Job would've said "OK, you win."

(Você é a resposta de Deus para Jó. Você acabaria com toda a discussão entre eles. Ele diria "Eu faço muitas coisas terríveis, mas posso também fazer isto" - e aponta para a garota. E Jó diria "Ok, você ganhou".)