quarta-feira, 17 de junho de 2009

A dita dura...

Eu não vivi pra contar, mas tenho certeza que qualquer um que se entenda por gente deve procurar informações, fatos, fotos, reportagens, vídeo, documentários sobre aquela dita tão dura que foi a nossa ditadura.
Engraçado que vim pensando sobre o que achei do livro do Gabeira (e em coisas que ouvi sobre o autor, sobre a obra e sobre a minha vontade de ler; e em respostas que poderia dar aos autores desses comentários) e eis encontro a seguinte matéria estampada no meu 'MSN Hoje': "Temer recebe manifesto contra 'Lei da Mordaça'". O título não me deixou hesitar no clique. E o primeiro parágrafo da reportagem me deixou, no mínimo, chocada:
"Entidades de classe do Judiciário e do Ministério Público (MP) entregaram hoje ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), manifesto contra o projeto de lei nº 265/07, conhecido como "Lei da Mordaça". A proposta, de autoria do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), autoriza a condenação de autores de ações públicas e populares quando for reconhecida pela Justiça intenção de promoção pessoal, má-fé ou perseguição política. Ele também penaliza os responsáveis pela ação com multa equivalente a dez vezes o valor dos custos processuais gastos pelos acusados, além de prever condenação de até 10 meses de prisão aos autores.".
Completa!
Como "má-fé" e perseguição política???? E a li-ber-da-de de expressão??? E o direito de expôr sua opinião?? O próximo passo que o ilustríssimo sr. Maluf irá propôr será o que? "Prisão de qualquer um pego atrapalhando a ordem está liberada" ou "Qualquer mídia que fizer oposição maldosa ao Governo deverá ser multada e seus responsáveis presos" e aí a manchete da vez, enquanto restarem as mídias alternativas, será "Libertado recentemente de uma cadeia, Fulano conta que sofreu tortura"!
Aonde vamos parar? Agora vamos regredir todos os passos dados em direção a uma sociedade um pouquinho mais justa?? E toda a luta que aquela geração de jovens dos nossos pais e tios aguentaram contra o governo autoritário, contra a ditadura, a favor da preservação da liberdade de expressão e do respeito aos direitos humanos??
Por isso digo a você que prefere ler Gossip Girl ou algum livro sobre o Che ao invés de sentar e dar uma olhada no que o Gabeira tem a dizer...
Não importa de que lado ele lutava, a bandeira de qual partido ele levantava. Não importa se ele mudou por vezes de partido até hoje, não importa se ele se drogava ou se seus atos algumas vezes beiravam a rebeldia desnecessária. O que importa é que ele lutou. O que importa é que ele mostrou a sua insatisfação. O que importa é que ele sofreu nas prisões e quase morreu algumas vezes.
Se você acredita que Jesus morreu pra nós estarmos aqui, ele morreu também para que aqueles jovens pudessem lutar.
Então acredite também que toda a geração que foi presa, torturada, que levou pedrada, que viveu anos em exílio, acredite que por eles estamos aqui. Que por eles eu posso escrever tudo o que eu quiser e eu ou você podemos publicar nossa opinião!!! Mágico, né?
É História. História com letra maiúscula e com os meus agradecimentos.

5 comentários:

jow disse...

nao vale muito a pena proteger o gabeira tao arduamente.

mas vale sempre uma pedra no maluf. afinal, ele sempre se supera.

e é nosso deputado. inacreditavelmente: o eterno retorno do mesmo.

Paulo Mendonça disse...

Apesar de simpatizar com o Gabeira também, não me arriscaria em tantas defesas; enfim... Quanto à liberdade... bom, por ela vale à pena arrircar-se e até morrer! (quantos não morreram?)

"Liberdade ainda que tardia!"

ana bia disse...

Não foi uma defesa em nenhum grau à política do Gabeira... Foi uma crítica a alienação e ao esquecimento do passado de todos os políticos!

Mafort disse...

não acredito que depois de tantos anos lutando pela liberdade, a humanidade tenha que engolir novas regras autoritárias.
Realmente é uma lástima.

Renato Alt disse...

Infelizmente, mais do que em nenhuma outra época, muita gente fala muito e pouca de fato faz alguma coisa. Eu mesmo sou um exemplo. Mas isso, também, porque não há nada em nossa política que possa, de fato, ser digno de alguma confiança: podemos pintar o rosto e gritar pelas ruas, mas em última instância (salvo, claro, revolução armada), a decisão fica fora de nossas mãos: vide Sarney.
Ao menos honramos, como você disse, o sacrifício daqueles que abriram o caminho para a liberdade de expressão ao mostrar-nos conscientes de que foram eles que permitiram que espaços como este seu e também o meu, afinal, existam.
Parabéns, menina.
Beijão.

(PS: estranhei meu link ali dizendo "5 meses atrás" e conferi: tá linkado pra "apertealt"! rs)