sexta-feira, 18 de julho de 2008

Raízes

Não sei no seu livro de matemática, mas no meu tinha, no começo de cada módulo, os Exercícios Resolvidos que a minha professora, muito capaz, repetia no quadro e fazia a gente ler em voz alta.
Não, nós não estávamos na terceira, nem na quarta série, nós estávamos no ensino médio, estudando (ou fingindo) pro vestibular.
O melhor dos citados exercícios não era o fato de que eles vinham resolvidos de maneira fácil apenas para os alunos mais brilhantes, ou o fato de que eram totalmente diferentes dos "Exercícios Propostos" (talvez para que alunos, como eu, não copiassem), ou o fato de ocuparem duas folhas.
Não, isso realmente não me incomodava (tirando o fato de não poder copiar para os exercícios propostos). O que me chamava a atenção era a maneira despreocupada que a expressão "Se, e somente se" frequentemente era usada.
Sim, os autores achavam legal escrever "se, e somente se". Não importava se era para o x que só seria positivo se, e somente se, o y fosse menor-ou-igual a três ou para a parábola que seria aberta se, e somente se, x fosse maior que dois e y fosse diferente de zero.
"Se, e somente se", essa porcaria me perseguia por todos os módulos do maldito livro rosa.
Acho até que a intenção era boa. Eles pensavam que assim estavam facilitando a nossa vida matemática. Mas, carambolas, desde quando o x só poder ser positivo "se, e somente se" o y for negativo facilita a vida de alguém? O x pode ser o que ele quiser, isso aqui é um país livre!!
A culpa d'eu ter desistido da engenharia e depois ter chutado o balde em cálculo e esquecido meus sonhos na Bolsa tem as suas raízes no "se, e somente se" do livro rosa, tenho certeza!
Se, e somente se, o livro não tivesse tantos exercícios resolvidos, tantos exercícios propostos diferentes dos resolvidos e taaantos "se, e somente se", eu poderia agora ser uma brilhante aluna de Economia, ter um grandioso futuro na Bolsa ou no Ministério da Fazenda com direito a cartões corporativos e contas na Suíça, carros importados e mansões em Miami.
Mas como eu tive que conviver com os "se, e somente se" e todos os exercícios assustadores do delicado livro rosa, eu agora estou aqui, batendo cabeça num blog falido e tentando ganhar algum dinheiro-futuro com educação e literatura num "país sem leitores".

4 comentários:

Cami disse...

Maldito ou BENDIDO"se,somente se"?

Acho q bendito,imagina se perdessemos você,para as somas,expressões e outras coisas q só de lembrar ,me apavoram:o


Viva a Lingua POrtuguesa,Viva a Literatura!!
Viva ao"se,somente se"que fez com q vc abandonasse um mundo tão real e certo(?)

Cinthia Paes disse...

Amiiga!
Eu ia escrever sobre iiissoooo! o.O
auhauauhuha!
Concordo com vc! Bendito "se, somente se".. É o mesmo de "pelo menos um". Meu professor repetia isso zilhões de vezes... terrível.. lembro como se ele estivesse falando.
Cá entre nós, matemática é coisa de doido, não é?
Literatura que é vida... :)

Beijooo!

Unknown disse...

Adorei!!! Não conhecia este seu lado literário. Aliás, não conheço bem você "azedinha" ou "doce docinho". Só conheço a Bia, amiga da Ana Célia, sobrinha do Bahia. E nem sabia que esta vocação literária existia! Mas que bom!!! Surpresa boa e gostosa saber que no mundo de hoje tem gente jovem que cria, que lê, que escreve. Que não é só razão, lógica matemática. O "delicado livro rosa" contribuiu bastante para a cultura brasileira, bastante pro surgimento de mais um artista. Artista das palavras. Das expressões. Seja bem-vinda ao mundo das letras!!!! Faz tempo que não escrevo, mas você me motivou a voltar a fazê-lo. PARABÉNS!!!!

DiegoSanchezMásSaintMartin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.