quinta-feira, 31 de julho de 2008

Voe por todo o mar e volte aqui...


O vento é sempre o mesmo, mas nunca é igual. (Ou é sempre igual, mas nunca é o mesmo??)
Sabe aquele ventinho inconveniente que bagunçou seu cabelo ontem? É o mesmo vento que soprou o rumo do Brasil às caravelas e é também o mesmo que viu Napoleão perder a guerra (e as intimidades da Marilyn).
Sim, ele é o mesmo.
Digamos agora, que você seja a reencarnação da princesa Isabel. Você não reconheceria o vento. Para você, o vento que levantou a ponta da Lei Áurea não seria nunca o mesmo que bagunçou o seu cabelo.
Quando ele ventou lá, você segurou o papel mais forte e achou que ele cheirava levemente a suor, os escravos sentiram o gostinho da liberdade entre os dentes na boca sorridente e quase beberam o vento todo em grandes e inebriantes goladas.
Quando ele ventou cá, você juntou irritada e rapidamente as madeixas esvoaçantes e sentiu um quê de maresia nele. O cachorro que levava seu dono sonolento para passear o achou muito refrescante e sentiu um delicioso cheirinho de fêmea no cio. (Sim, é verdade... Tá, vai lá lavar o cabelo, eu espero...)
O ponto é... O vento sempre traz algo novo (mesmo que seja a primeira fumacinha que está com ele desde a Revolução Industrial) e sempre leva algo nosso para lugares onde provavelmente jamais pisaremos (pense nisso: uma lhama pode apreciar seu Channel enquanto degusta seu capim com orvalho), mas ele nunca deixa de ser o bom e velho vento.
Eu quero ser um pouco de vento, talvez seja um dos meus ideais de maturidade, conseguir levar um pouco de você e te dar um pouquinho de mim.

~
Eu sei, você está querendo mandar um recadinho pelo vento, mas é inútil, ele não vai mais reconhecer a sua amada quando topar com ela e todo o seu amor em poucas -e escolhidas palavras ficará vagando ao lado das juras de amor de um hippie ou topará com a pessoa errada (o que, convenhamos, pode ser muito pior).
E cuidado com as palavras que você joga ao vento, eu posso escutar (sem querer, claro).

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei o texto, Bibi!
Parece que vc viu o que o vento fez com meu cabelo! Até reclamei com Luyse! uahauhuha

Beijoo!