segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sobre corujas e montanhas

Ecobag. A última moda. Um jeito bacana de limpar a consciência.
Mas e as montanhas? Os vales verdejantes, as planícies de relva, como ficam?
As de cá já destruímos. As de cá ocupamos sem dó e com pressa. As montanhas de cá viraram morros. Viraram favelas. Viraram agora comunidades.
Ô, beleza, eu moro na Zona Sul. Mas eu olho pela janela e não me delicio. Olho pela janela e não sinto vontade de respirar bem fundo e guardar a imagem, mais do que na mente, no coração. Olho pela janela e posso, sem querer, encontrar uma bala perdida.
Deito na minha cama e invejo quem tem janelas que mostram coisas verdes até a vista não poder mais....
Aah, as montanhas de lá. As montanhas de lá abrem meus sorrisos. Vários deles. As montanhas de lá me fazem ter vontade de não ir embora, de estar de férias, de não ter que trabalhar na segunda. As montanhas de lá me fazem sonhar com a aposentadoria e uma xícara de chocolate quente.
Que coisa linda é você viajar olhando montanhas verdiiinhas. Umas vacas pastando aqui, umas árvores tortinhas ali.
É emocionante. Belo e triste.
Aonde essas montanhas vão parar?
Nós temos que viver, sim. Temos que construir casas, sim. Mas sem que a natura perceba. Nós nos adaptamos, não ela. Ela é bonita, não nós. Desculpem as feias, mas beleza é fundamental. Para montanhas, sim, Vinicius.
Eu amo montanhas. Ponto.
E, claro, corujas. Eu amava uma coruja. Ia visitá-la na beira da praia todas as noites, com meu avô. Eu simplesmente sentava lá e ficava observando ela ser coruja na sua arvorezinha. Morando na Barra sem pagar IPTU.
Adivinha o que aconteceu?! Uma noite ela simplesmente não estava lá. Eu e meu avô procuramos e esperamos e nada dela. O moço do quiosque contou, assim como quem conta o resultado do jogo de quarta (ou talvez com menos intensidade), que alguns garotos passaram por lá, viram a coruja e a mataram. Um pobre bichinho que nunca fez mal a ninguem. Pelo conrário, me fazia um bem danado!! E podia fazê-lo também por quem mais quisesse.
Voltei pra casa chorando nesse dia. Pela minha coruja linda, por mim e pelo fim da humanidade e das montanhas.

2 comentários:

Beatriz S.Martin disse...

Aiai Bia, quando eu crescer quero escrever que nem você *-*
Isso me fez lembrar o caminha pra São Lourenço, cheio de montanhas verdinhas e riachos *O*

Unknown disse...

Uma montanha é muito valiosa e o que a destrói é o capitalismo. Fica a dica.

A coruja continua lhe fazendo bem, basta fechar os olhos e se lembrar dela. Ela lhe fará bem.

=D