domingo, 12 de outubro de 2008

Nothing is real

Algumas pessoas são como as estrelas cadentes. Não são realmente estrelas, não ficam ali brilhando milhões de anos. Passam pela vida das pessoas com uma luz que, se não é própria das estrelas, vem do fogo do atrito, luz diferente, luz intensa e luz tensa.
As estrelas fixas são importantes e magníficas. Estão ali todas as noites, as boas e as ruins. Brilhando sempre, dispostas a nos fazerem felizes gratuitamente.
As estrelas cadentes são incrivelmente deslumbrantes [deslumbrar: turvar, cegar pelo brilho demasiado, causar assombro, fascinar ou seduzir], brilham pela vida inteira no pequeno tempo que estão presentes. Passam, mas não são esquecidas. Marcam, deixam alguma coisa rara e levam sempre com elas algo especial.
Não são estrelas melhores nem piores, são estrelas diferentes.
Assim são as pessoas, diferentes, diferentes em suas semelhanças, semelhantes em suas diferenças.
E ela era assim também. Ligeiramente egoísta, ligeiramente prepotente, ligeiramente desligada, ligeiramente preocupada, ligeiramente antipática, ligeiramente sensacional.
E não tinha noção de quanto era cadente, de como brilhava um brilho mágico, daqueles que doem de tão fugazes.
Por não ter noção, achava que tinha que ficar, que tinha que brilhar pra sempre, que tinha que ser uma estrela de verdade. Sofria tentando ser constante quando transpirava inconstância, sofria por não conseguir dar o que (supostamente) as pessoas esperavam dela.
Mas era, antes de cadente, uma estrela. Em toda a sua, encantadoramente estranha, beleza.
E as pessoas não se importavam com a cadência, pois amavam a estrela.

'Nothing is real
And nothing to get hung about'

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