segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Par Coeur


Os fantasmas são afastados. Os lamentos, que antes eram segredados ao pé do ouvido, agora são meros ecos de um passado dolorido.
Parecia que não ia parar de doer, os meses passaram corridos, se arrastando, mas não se sabe mais se doeu ou não, ou o quanto doeu. Não se sabe se esses meses foram dias ou anos. O inesperado novo vai, aos poucos, ocupando o lugar do exausto antigo. Vai secando as lágrimas com beijinhos, substituindo a melancolia por sorrisos espontâneos.
Mas não vem fácil assim, porque "o coração tem razões que a própria razão desconhece". A exaltação sofre com os receios. Os sorrisos, com as lembranças. E o amor espera quietinho pra ver o que acontece, espera quietinho a vez dele entrar de novo em cena e fazer os pés se afastarem do chão, espera quietinho que o quem sabe futuro acerte os ponteiros com o inesquecível passado (justiça seja feita, o passado não foi terrível como está pintado nas telas espalhadas pela casa).
Mas como a razão não existe aqui e temos todos problemas de memória, apostamos de novo todas as fichinhas e seja o que os deuses quiserem.

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