quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sobre abelhas e mel...

Pinóquia não sabia que não era uma menina de verdade. Ela se achava dentro dos padrões de normalidade para meninas de verdade e nunca ninguém tinha dito nada oposto. Não na sua frente.
Até que um belo dia (reparem, sempre são belos dias) ela conheceu um menino. Gostou desse menino. E ele lhe disse que ela era uma abelha. Ela não entendeu. Perguntou como assim abelha, perguntou se era bom ou ruim. Ele respondeu da maneira mais simples, não era bom nem ruim, era só abelha. Ela ficou confusa, mas então ele disse que era legal ser abelha, era diferente e ele gostava dela assim.
Pinóquia então assumiu sua condição de abelha e desfilava suas, recém-descobertas, asas com muito orgulho. E tudo ia muito bem. Até o dia que Pinóquia resolveu voar.
Conseguiu voar, porque era uma abelhinha muito esperta, mas por um tempinho muito curto. Foi muito alto, muito mais alto do que devia, e terminou em um tombão. Pinóquia se machucou muito, mas não quebrou nada. E quando as cicatrizes fecharam ela percebeu que valeu a pena ter voado. Foi uma experiência incrível e deliciosa em cada segundo.
Depois disso não havia mais como negar que a menina abelha era uma menina abelha. E nem ela queria isso! Se sentia muito bem com a sua parte abelha.
E, afinal, nunca quis mesmo ser uma menina de verdade, uma menina normal.


Pinóquia vive hoje muito feliz consigo mesma e tem planos de voar outra vez.
E o que nos une, desde sempre e para sempre, é o mel.

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